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Há um fogo enorme no jardim da guerra
E os homens semeiam fagulhas na terra
Os homens passeiam co'os pés no carvão
que os deuses acendem luzindo um tiçãqo
Pra apagar o fogo vêm embaixadores
trazendo no peito a´gua e extintores
Extinguem as vidas que caiem na rede
e dão água aos mortos que já não têm sede
Ao circo da guerra chegam piromagos
abrem bem a boca quando são bem pagos
soltam la baredas pela boca cariada
fogo que não arde nem queima nem nada
Senhores importantes fazem pique-niques
churrascam o frango no ardor dos despiques
Engolem sangria dos sangues fanados
e enxugam os beiços na pele dos queimados
É guerra de trapos, do pulmão que cessa
do óleo cansado que arde depressa
Os homens maciços cavam-se por dentro
e o fogo penetra, vai direito ao centro
Sérgio Godinho / José Mário Branco - "Cantiga do fogo e da Guerra"
in " Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"
ATÉ QUANDO ?
Redfish
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