quinta-feira, junho 21, 2018

Vamos falar de...

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    Desculpem lá vir distrair-vos em tempos de tão patriótica euforia, mas todos nós sabemos que nestas coisas de futebolada  todos somos sábios, todos somos loucos, génios incompreendidos, treinadores de bancada e mesa de imperial e bifana, juntando as nossas vozes críticas às dos especialistas de vários e pouco reconhecidos méritos, que povoam ecrãs de televisão em resmas de programas de duvidosa qualidade dedicados ao assunto, bastas vezes ao insulto e muitas mais vezes ainda ao disparate puro e duro, no que rivalizam connosco, pois se não somos todos Ronaldos, temos pena, mas com a vantagem de não ter de provar nada a ninguém, nem a nós próprios. E que dizer daquelas intermináveis reportagens sobre os hotéis onde ficam os "craques", o pequeno almoço dos craques, o penteado dos craques, o almoço dos craques, as namoradas dos craques, o jantar dos craques... 😝
     Há vida, para além disto? Claro que há!! O Facebook, o Instagram, o Twitter, o....eu sei lá, mas há-de haver mais qualquer coisa onde nos deliciamos a mostrar ao mundo como queremos que o mundo nos conheça, petições para aqui, fotos fofinhas para acolá, viagens de sonho de vez em quando, alegrias e tristezas, o filho da puta do Trump, o genocídio em Gaza, o drama dos refugiados, a Maria Vieira e a cretinice, tudo ao alcance dum like ou dum 😡 que não há palavras que mostrem o nosso repúdio tão comodamente. Também há quem aproveite para desancar nos professores pelo  vil descaramento de defenderem os seus direitos sem tentarem ao menos compreender que a culpa é da Troika e neste momento o país não tem dinheiro para ninguém...quase ninguém.
    Nas ruas, curiosamente, há gente. O inverno parece ter ido finalmente de férias, o povo reage e enche as praças e esplanadas. Este ano será que ainda se farão piqueniques? O que resta das nossas matas é muito pouco e precisa de protecção. Contra o enguiço, contra o descuido, contra a selvajaria. 
     E amanhã há Dead Combo, que nem só de futebol vive o homem e há a poesia do Ondjaki, que veio a Leiria mostrar o seu novo livro e contar-nos mais umas histórias. E há aí uma gente que faz teatro e que gosta que o vamos ver. 
     Bolas, parece que a chuva não foi com o frio, está confortavelmente instalada uma boa trovoada,  -  ena pá tanta energia - eu aqui a armar-me em filósofo e tudo, fiquei sem saber o resultado do Irão com a Espanha, vou beber um caneco de leite quente e vou dormir.

Vosso Redfish     
     



































  

segunda-feira, abril 02, 2018

Passeando por "Pinhais de Eucaliptos"


   
    Ora bem, meus caros concidadãos, neste início de Primavera tão cheio de mal entendidos atmosféricos, com chegadas e partidas de Hugos e Irenes e alertas de várias e coloridas tonalidades, há muito com que nos coçarmos e, infelizmente a coisa está para durar.
    A chuva, que veio para salvar a agricultura teima em não arredar pé, o que parece não ser suficiente para ocultar as badalhoquices que se foram fazendo por rios e ribeiras um pouco por todo o país, este eucaliptal à beira mar plantado ( aprendi uma nova designação - "pinhal de eucaliptos" - menos expositiva) e ao fundo da Europa, para quem esteja de costas voltadas para África.
     Leiria, o distrito, foi um dos alvos dos fogos extemporâneos acirrados pela falta de chuva, pela falta de  planeamento florestal, pela falta de cautela e de bom senso, também, e não esquecer, pela falta de honestidade de alguns, que não olham a meios para obter proveitos.
    Leiria, a cidade/concelho, vê a sua bacia hidrográfica a meter água, pois a cada chuvada é certo e sabido que haverá merda. Não é tão mediático este atentado ambiental contínuo, comparativamente ao crime sem castigo que são as descargas das fábricas de papel, com a Celtejo à cabeça, que vão matando o Tejo (que tão maltratado nos chega já de Espanha, onde serve para tudo, até para arrefecer turbinas de centrais nucleares), mas são igualmente severas as consequências para a saúde pública e de igual responsabilidade criminal. A culpa, por enquanto, tem morrido solteira, aqui por estas bandas, onde os alertas e a luta de alguns é ignorada e desvalorizada pela maioria dos cidadãos e dos poderes públicos e políticos do concelho. A CM Leiria diz continuamente NIM a tudo o que a retire do seu doce descanso e vai poluindo como os outros com a sua inércia. É verdade que o problema vem de longe, muito antes deste executivo vir demonstrar a quem quiser ver como se governa uma autarquia em nome de todos beneficiando uns quantos. Temos um estádio que o prova e é o orgulho certo de quem faz do nepotismo forma de vida.
    Esta é a absurda conclusão: em Leiria gasta-se dinheiro em tudo o que não sirva para nada de útil mas que dê jeito. 
   E como ele não nasce do chão, depois falta para o resto. Mesmo quando há sobra, volta-se ao mesmo. Há sectores da nossa vida comum que são e serão sempre o parente pobre na ementa deste município: cultura e educação, por exemplo.
    Na rubrica da cultura no Orçamento de 2018, de quase 5 milhões de euros, a grande maioria perde-se, vá lá, é para gastar em edificado, com grande destaque para as obras de recuperação do castelo. É bom que vejam o que lá está. Lembrem-se, e com isto me despeço, que esta gente pretende fazer de Leiria a capital da cultura. Fiquem bem

Redfish ( a nadar junto à nascente)

    

quarta-feira, março 14, 2018



O regresso do Peixinho Vermelho 


1- Razões para o regresso
2- Sigamos, então.....

                                                                          1

   Diz quem sabe, que o que está morto, morto está.  Eu também penso que, por vezes, isso é verdade. Menos quando sou eu a ressuscitar o morto. É claro que o morto não tem vida própria, é apenas um produto da minha vontade. Esta não é  a versão blogueira do " Walking Deads". É apenas expressão de um querer, tal como o foi a sua (falsa) morte, que isto de mortes e ressurreições virtuais é mais ou menos o mesmo que a  estadia do sr. dr. Marques Guedes em Berkeley, ou seja, é uma coisa que imaginamos que seja, para vermos o que seria, se fosse. Às vezes pega. É o que estou a tentar. Se bem me lembro, a pseudo morte do Leiria em Cuecas ocorreu no mês de Julho de 2015. Foi morte súbita, sem direito a despedidas e epitáfios...e ainda bem, digo eu, como estamos a ver.
Pretendemos voltar para nos juntarmos aos que, olhando à sua volta, vêm na mão castrista que esmaga Leiria, uma fusão antipática entre prepotência e visão foleira da vida. Nada de importante, portanto, dirão os simpáticos frequentadores da nossa bela praça. Sempre assim foi, acrescentarão, o que não deixa de ser verdade, mas que não impede que nós achemos que este modo de estar seja tão criminoso como o daquele, que sustentado numa maioria mais do que absoluta, vai pondo e dispondo do nosso concelho como se fosse um jogo de Lego com as peças avariadas. 

                                                                           2 


  E vamos aos factos!
 Nós sabemos que o normal cidadão de Leiria gosta (tanto, tanto) da sua terrinha exactamente na mesma medida que não faz a mínima ideia de como aqui se decidem as coisas que lhe moldam a vivência. Não há Plano de Mobilidade que os incomode, nem crime ambiental para o qual não haja compreensão. Afinal, até veio um Ministro a convite da Câmara à festa dos óscares da porcaria ( Porco de Ouro) e à falta de bons transportes colectivos, a malta compra um bólide próprio, que, não podendo ser um Ferrari, pelo menos apita como o dos ricos. Vão fazer obras no Castelo? Querem eles lá saber! Fica lá no alto! Ninguém lá vai, a não ser meia dúzia de turistas e só uns quantos totós que andam sempre a barafustar por tudo e por nada é que ligam a essas coisas. E ainda por cima aquele poeta, o Korrodi, fez uns desenhos já há bué de tempo, onde já estavam as alterações todas previstas.
Como tudo o que incomoda, do vizinho barulhento à comichão, as coisas tendem a ser sentidas como problemas sem solução, que voltam sempre, faça-se o que se faça. Esta postura permite a quem manda o exercício livre da arbitrariedade e do despautério.
 Só assim se percebe o que se passa há largas dezenas de anos com a poluição dos nossos recursos hídricos ( quem toma banho na Ribeira dos Milagres, nos dias de hoje?)
Só assim se entende como o desinvestimento na cultura passe incólume aos olhos da opinião pública.
Só assim se entende, que tenha sido aprovada a construção de um (?) elevador para o Castelo, o tal que fica lá no cimo e onde o povo não vai, e ninguém diga nada! Nadinha.
Como vai ser, para que vai ser, porque vai ser, que impacto vai ter, que estudos fizeram, façam o favor de dizer que benefícios isso vai trazer para quem aqui vive e não percebe estas escolhas.  É o mínimo que deviam querer saber. E não estar borrifando-se para todas as diatribes que calma e ponderadamente este executivo de Raul Castro tem feito e se prepara para continuar a fazer.

 Ao vosso dispor

 Redfish

                                                  Modelo de elevador para o Castelo 

                                         
desenho de Gil Campos

quarta-feira, julho 22, 2015

Fica -te bem o lenço, ó camarada!

Fica-te bem o lenço, ó camarada! 


Ele há dias em que devia ser proibido escrever.
eu sei que já é proibido escrever todos os dias
eu sei que há quem escreva todos os dias
mesmo sendo proibido escrever
mas não é o mesmo proibir nem o mesmo escrever
e todos os dias não são o mesmo que esse um dia - o dia

esse o dia, foi o dos teus passos te levarem ao mesmo local
o mesmo local todos os dias
dos caminhos para lá sempre iguais
caminhos sempre os mesmos e iguais
caminhos iguais a outros caminhos, eles mesmos iguais
os passos de trás para a frente na mesma rota
caminhos os mesmos, diferentes de rotas iguais de trás para a frente

e no fim dos caminhos ideias fixas com palavras subtis
subtis palavras que contam ideias fixas sobre caminhos iguais
palavras fixas que contam caminhos subtis com ideias iguais
histórias subtis com palavras iguais sobre caminhos fixos
caminhos com história ideias com palavras
sons e palavras em caminhos os mesmos
e homens de ideias fixas, falando caminhos e ideias.

e os passos que se afastam nesses dias
procurando outros caminhos
escrevendo outras ideias
proibindo o proibir...

 e são os que contam

Leiria, 21 de Julho 2015

terça-feira, janeiro 27, 2015

E Atenas aqui tão perto!!!







Ouvi dizer que, diz quem sabe, conta quem pode, em Leiria o executivo camarário, diz quem sabe e é de fácil comprovação eleito como afecto ao Partido Socialista, se prepara para entregar a concessão da água pública a privados. Não sei se é verdade. A sê-lo é mais uma machadada na credibilidade, já de si à beira da bosta, que os poderes públicos detêm perante os que os elegeram. É bem verdade que a "nossa" sociedade civil tem indignação controlada, é de poucas falas, de menos acções e incapaz do mínimo assomo de revolta. Assim tem sido, de facto. Mas também não é menos verdade que daqui do lado vêm ecos de revolta, e mais além, mas não longe, a coisa deu mesmo a volta. Como escreveu Brecht, há muitos anos, " .....Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.
                                               O que é seguro não está seguro
                                               As coisas não continuarão a ser como são.
                                               Depois de falarem os dominantes, falarão os dominados.
                                               Quem pois ousa dizer:nunca?"..."

                                               O Elogio da Dialéctica"                                                             http://comunista-o.blogspot.pt/2013/05/poesia-bertolt-brecht-elogio-da.html)

Vivemos tempos muito difíceis, dias em que o horizonte é completamente oculto por denso nevoeiro e nuvens negras assombram os nossos dias, matando a esperança, roendo os sonhos, negando a vida.
Contudo, o exemplo Grego vem dar-nos alento. Ensina-nos a acreditar que outro caminho é possível. Mas que não é fácil nem nos é oferecido. Teremos que lutar por ele. Mas vale a pena.

Vosso, regressado e esperançado, Redfish!!!

sexta-feira, março 28, 2014

Pensões: Portas reconhece que «houve um erro»

Pensões: Portas reconhece que «houve um erro»


O  único erro é ele, Paulo Portas, e todo o Governo de que faz parte.
O erro foi terem votado neles.
O erro tem conserto? Tem, mas quanto mais rápido melhor. Quanto mais tempo eles ficarem no poder mais difícil será recuperar o que eles destruíram.


sexta-feira, janeiro 24, 2014

Vamos desconfusionar. Pequeno ensaio sobre como evitar que a confusão se torne irrevogável



                    Olá. Vamos lá então a desconfusionar com carinho e eficiência.

    1- Não confundir com desconfucionar, palavra diferente, propensa a originar confusão se mal interpretada e que significa "desligar o Confúcio", o que é uma vaga ideia filosófica com pouca aplicação prática e de difícil execução.
22 - Separar o grande desconfusionamento,  do pequeno desconfusionamento. Não que seja grave, mas essa separação exige-se como metodologia necessária para o que se pretende, que é levar o desconfusinamento a todos os lares portugueses.
O grande desconfusinamento para resolver confusões de âmbito metafísico tipo "confundir o género humano com o Manel Germano" ou transnacional tipo as cartas que eu recebia da empresa estadunidense onde trabalhei, que vinham com endereço Leiria - Portugal - Spain. Estas questões, sem dúvida merecedoras da nossa preocupação, serão deixadas para trás pois  humanidade é já de si uma coisa confusa ( não confundir humanidade com Humanidade ou com humanidades, que não é plural de nenhuma das outras duas) e com enorme quantidade de gente envolvida e portanto a resolução desse desconfusinamento seria uma trabalheira de Hércules, não será menos desgastante convencer os americanos que para lá dos USA existe alguma coisa que não seja uma horda de selvagens que é urgente eles democratizarem, quanto mais explicar-lhes que há países, fronteiras e essas coisas que foram eles que inventaram juntamente com o fast-food e os westerns onde os índios são uns selvagens que só dizem uga uga e os americanos bons e brancos são os heróis que os chacinam e depois democratizam, o que também inviabiliza a resolução deste segundo grande desconfusinamento.
O pequeno desconfusinamento, nada de confundir pequeno em dimensão, com pequeno em importância, é, passe a redundância, o que nos importa, pois é com esse que dia a dia nos deparamos e que nos afecta e condiciona o modus vivendi. É aqui que devemos agir, desconfusionando, já, rapidamente e em força.
Por exemplo, confundir coadopção com adopção com o cu, é muito comum entre os jovens portugueses que acham que o estado social lhes prejudica o futuro de sucesso e que uma forma de aumentar a sustentabilidade da segurança social é matar mais rapidamente os velhos obrigando-os a trabalhar até esticarem o pernil. Nestes jovens confunde-se o cérebro com o intestino delgado, pois normalmente só têm ideias de merda. O desconfusionamento neste casos, embora difícil é possível, embora mais demorado que em indivíduos saudáveis e com mais do que um neurónio a funcionar. Normalmente são necessárias doses de cultura e de realidade e recomendação de reduzir o consumo de laranja
Outra pequena obra de desconfusinamento é a de demonstrar que Estado e Governo são coisas diferentes, e que quem nos estraga a vida e tira o pão são os governos e não o estado. Essa confusão é propagada intencionalmente por comentadores encartados, pseudo-jornalistas independentes e demais entidades interessadas em limpar a imagem de uns e a estoirar com o outro, e encontra, infelizmente muita aceitação entre a populaça, outra área necessitada de desconfusinamento pois há quem confunda populaça com povo e populismo  com preocupação efectiva com as populações. Estas confusões resolvem-se, apenas e só, com empenho, aculturação, solidariedade posta em prática, e em casos de necessidade  à bofetada.
Há quem confunda também socialismo com Partido Socialista, confusão essa que se alastra por vários países da Europa, e que nos poderia fazer pensar estarmos perante um problema de grande desconfusinamento, mas eu acho mais correcto vermos aí vários pequenos, pois cada um dos Pêesses arrumou o socialismo na gaveta conforme os usos e costumes no seu país. Em Portugal ficou conhecido o célebre "Socialismo à Portuguesa", que é assim como uma caldeirada sem sal, onde se mistura tubarão com peixe miúdo, e que se servida em doses substanciais provoca diarreia mental em quem a come.

Por fim, este próprio texto é uma grande confusão. Resolve-se parando de escrever. Há contudo uma coisa positiva nele: não optei pelo novo acordo ortográfico nem pela velha ortografia, ficando assim num saudável e descomprometido limbo em que nem o desconfusionamento funciona.

Vosso, sempre fresco, Redfish




quinta-feira, dezembro 05, 2013

Vai ser Natal, é hora de levarmos a mal


Olá, começo esta pequena demonstração de percevejanismo literário com um elogio a Nicolas Maduro, que no mês de Novembro findo foi achincalhado e acusado por tudo o que é pasquim nesta terra de Viriato (e dos donos da Coca- Cola, do Citybank e de outras instituições transnacionais tão beneméritas como as anteriores que vão colorindo com os seus caridosos eventos os cinzentos céus peninsulares) por, cito com mais ou menos rigor, "ter antecipado o Natal" lá na sua Venezuela natal - isto é excelente- onde é o comandante substituto do falecido comandante Hugo Chavez, homem muito pouco querido aqui e ali e acolá, curiosamente todos lugares ( países?) muito incomodados com a divulgação de uns documentozitos por um simpático ex-pião da CIA nossa de todos os dias, mas adorado lá, em su sitio, pelos mais pobres e explorados, admirado cá e lá pela sua coragem, pese embora a sua carga populista, em afrontar a(s) besta(s) capitalista(s). Além de, como diz o poeta, "Natal é quando um homem quiser", porquê dizer mal de quem o antecipa e possibilita, com as medidas sociais e políticas em defesa dos mais pobres protagonizadas pelo seu governo, e nada dizer sobre, ou pior ainda, defender, meia dúzia de fedelhos imberbes anti-sociais (este governo canalha de PSD/CDS e amigos) que tudo fazem para impossibilitar a maioria dos portugueses de ter um Natal decente por muitos e muitos anos. Que o digam os trabalhadores dos Estaleiros de Viana, cuja prenda de Natal é o despedimento e os que sem emprego, sem casa, sem estatuto, olham o Natal como uma miragem, um sonho para cristão rico, que até para se entrar no reino dos Céus neste mundo canibal é preciso ter garantias bancárias. E não me fodam com o Banco Alimentar contra a fome, pois a boa vontade de uns e a fome de outros enchem os bolsos a falsos beneméritos e tubarões declarados como o Jerónimo do Pinga, que é Doce (para ele). Natal é,  pois é, o negócio mais bem cimentado da história, com milhões de tansos em todo o mundo a esgravatar dinheiro em prendas o mais estapafúrdias possível, alegadamente para festejar o nascimento de um puto que, se não me aldrabaram quando eu era também puto, nasceu todo roto num estábulo, no meio da palha e tendo como padrinhos um burro e uma vaca. Que me perdoem todos os crentes, mas a Fé foi derrotada pelo comércio, associado à ganância e à estupidez colectiva.
Haverá, sem qualquer dúvida, muita gente boa e outra óptima, que neste momento me chamou todos os nomes possíveis, menos "querido" ou "santo". Tudo bem. Aguento isso. É o que eu faço quando leio o Camilo Lourenço ou o sociólogo de todos os Sábados Alberto Gonçalves, reaccionários dos quatro costados e sem pinga de vergonha naquelas coisas a que chamam cabeças.
    Mas eu sou apenas um peixinho vermelho, num aquário esquisito que permite a entrada a percevejos, literários é certo, mas percevejos. Ainda evoluiremos para os gonococos, rapidamente se o Pedro Coelho continuar com Passos firmes este caminho directo para a lobotomia colectiva, ou daqui a uns anitos se o abstencionista violento e Seguro for chamado à condução desta carroça de rodas quadradas que é o Tugueiral. Logo veremos. Tenho um amigo que diz que ainda há hipótese de isto mudar para melhor. Não digo quem é porque ainda o internam num hospício. Mas tenho fé nele. Vamos passar o Natal juntos, seja lá como for, pois damos-nos bem e festa é festa.

Vosso, Redfish.



quarta-feira, outubro 09, 2013

Paciência no reino das efemérides e outras semibreves- devaneio



   Anastácio Pintelho é um folião.
   Dito isto, não vamos todos ficar a pensar mal
   do figurão
   etc e tal, como de costume.
   que ele é isto, que ele é aquilo,
   monte de estrume
   caca de grilo....não.
   Anastácio, é um folião.
   ponto final

   Anastácio, dos Pintelhos,
   família tradicional local bem implantada
   de velhos
   há muito dedicada à agricultura
   os novos
   à acupunctura
   mas não há bela sem senão,
   Anastácio, é um folião.
   Ponto final

   Anastácio, tem da vida
   a melhor das impressões
   transmitida
   em várias ocasiões, com testemunhas,
   tipo que quem toca viola
   deve ter unhas
   ou dar esmola, dá perdão
   Anastácio, é um folião.
   Ponto final
 
   Anastácio é um palerma
   corre a estrada de vida
   pela berma
   não quer saber onde é o Norte
   muito menos sabe do Sul
   nem da vida ou da morte
   gosta do céu azul e duma canção
   Anastácio, é um folião.
   Ponto final

   Anastácio somos nós
   tu e eu mais quem vier
   sempre sós
   a fugir à solidão
   enterra a cabeça na areia
   para não ver a escuridão,
   ama e odeia, sem explicação
   Anastácio, é um folião.
   Ponto final

   Anastácio, não sabemos
   se está vivo ou se está morto
   mas podemos
   pensar o seu lugar no mundo
   como um vazio sem espaço ou ar
   num poço escuro e profundo
   paira no ar, como um balão
   Anastácio, é um folião.
   Ponto final?
   Não.
   Anastácio é um senão
   etc e tal.



 

quinta-feira, agosto 08, 2013

O Polvo unido jamais será comido!



    De alma e coração aberto vos escrevo depois deste tempo de pousio. Não nasceram malmequeres no teclado  nem o mundo parou por causa disso. Acontece que estou pelos cabelos - que entretanto cresceram e bem - com isto tudo e com mais coisas ainda, pelo que as urtigas ainda são um local agradável comparado com o sítio para onde mandei isto e tudo o resto. Isto foi e foi bom ter ido o resto não para mal de todos os pecados ( nossos e de todo o mundo) cometidos e por cometer.
    Não sou peixe para qualquer mar, é bem verdade, assim como não gosto de ser comida de tubarão nem isca para pesca grossa. Esta caldeirada também não é do meu agrado e embora esteja mais p'ró lado do peixe miúdo,  não sou nem tenho ar de faneca e não me revejo nos carapaus de corrida que abundam na nossa praça. Há muita gente que eu gostava de mandar para a raia que as parta e uns moluscos que sobrevivem à custa de não terem espinha que os comprometa que gostava de ver exportados para um país bem longe da vista e do coração.
   Estamos fritos - berra aquela que antes de o ser já o era, com ou sem rabo na boca mas já com as escamas empenhadas aos bancos de areia que o rei Neptuno administra nos intervalos das orgias com as belas sereias cansadas de engatar marinheiros afogados em vinho e saudades dos lares que já tiveram e que perderam fruto da contingência e da iníqua lei das rendas tão do agrado das piranhas e cobras d'água e mais alguns batráquios que se juntam à peixarada nas lagoas de águas paradas. Com tudo isto quem se prejudica é o mexilhão, muito por culpa própria, fechado na sua casca a rogar pragas e com medo da mudança da maré.
    O mar avança e o mundo recua. Nada resta das caravelas nem de quem nelas partiu. O mar dos poetas secou, hoje é fiel depositário do rescaldo de Fukushima, o degelo ameaça os turistas americanos ávidos de tsunamis de emoção nas praias inóspitas de Armação de Pêra, Allgarve forever, diz quem sabe e entre pedras e cavacos se edificou uma nação de bacalhaus secos e peixes aranha, muito gabada nos circuitos de ajuda mútua que financiam a campanha presidencial do sr. Obama, esperança frustrada de milhões de apostadores do euromilhões e de centenas de virgens frequentadoras do Facebook.
    Entretanto, há eleições. Locais, para não irmos muito longe. Cada um no seu aquário. Como de costume os cardumes agitam-se. As taínhas aperaltam-se, os tubarões do costume preparam-se para o assalto. Nada que incomode o rei Neptuno, nem as sereias, ou os três estarolas, que de escafandro e óculos de sol visitam de tempos a tempos este buraco entre as dunas para nos dar alento em troca de sal.



segunda-feira, maio 27, 2013

O carteiro não tem culpa...deixou de ter profissão


Estação dos correios de Santana, Leiria



             Cartas de amor, quem as não tem, dizia a canção. Cada vez são menos, pois parvoíces no Facebook e sms pirosos foram substituindo, pessimamente digo eu, as ditas cartas, ridículas, diria Pessoa, que se entretinha a escrever cartas, não ridículas digo eu, a ele próprio. Escassez de cartas? Será essa a razão para quererem fechar os Correios? Escassez de clientes, dizem eles, cientes de que serviços públicos de qualidade não servem interesses privados interessados no serviço, que público, lhes nega  proveito e lucro. Mas se há interesses privados por detrás desta orgia de encerramentos de estações dos CTT, como aceitar as explicações da Administração da pública empresa tutelada pelo Ministério da Economia de que não são exequíveis por falta de clientes? Passo a miúdos para facilitar: serão os gajos interessados em ficar com os CTT tão palermas que se interessem por uma treta não rentável? É verdade que provavelmente, para não dizer com toda a certeza, essa apropriação por privados significaria na linguagem alternativa do Pedro Coelho, que haveria para uma grossa fatia dos funcionários dos CTT novas oportunidades de vida, noutro lugar, noutra empresa, noutro país ou até noutra vida. Mas...não há bela sem senão, dirão os putativos interessados ao excelentíssimo Ministro Álvaro Santos, que, como quem não quer a coisa se mantém anafado e jovial, contrariando a tendência de emagrecimento e envelhecimento que a sociedade portuguesa vai manifestando, muito por culpa dele, do Pedro, dos putativos interessados ( que negarão sempre até pela saúde da mãezinha qualquer interesse no negócio) e também do senhor a quem chamam Presidente, mas que diz coisas como os palhaços, mas com muito menos piada.
         Sendo certo que este país não é para velhos, pese embora o paradoxo da questão que é o haver cada vez mais idosos, e APRE!!!! Andam atiçados contra este governo....bem... os novos também, mas emigram muito para nosso azar...eh pá...talvez voltem a escrever cartas...não, não...agora há a Internet, o Skipe e essas coisas todas que nos permitem falar ao longe como se aqui ao lado uns dos outros estivéssemos, pois, não há volta a dar, já fecharam a Estação de Santana, a seguir outras irão, quando ficar apetecível virá a privatização. Em envelope fechado e com carimbo dos CTT, correio azul, remetente o Álvaro, com amor, para os presumíveis interessados.

Vosso, Redfish


quinta-feira, abril 11, 2013

Os desatinados também têm coração.

      Como diria Warezoog, filósofo que nunca existiu e cujos ensinamentos me guiam desde o século passado, geralmente o que parece é, a não ser que não seja como todos comprovamos querendo, sem querer, uns mais que outros, a experiência orienta-nos nas escolhas, a vida - airada, madrasta, enteada, sogra, eu sei lá -  é um acumular desta aprendizagem, as rugas são a montra temporal dessa escola. Resumindo, a velhice é um posto, dizem por aí, mas é então que recupero o meu Warezoog e cito o meu caso, exemplar, o meu, a quem o espelho não mente quando devolve uma face sulcada de rugas e que não consigo conscientemente fazer jus à tal relação tão propalada por montanhas e vales! Não que me sinta parvo de todo, mas a tal sabedoria que deveria vir com o caruncho, meus amigos, é ficção e pouco científica. A actualização que o nosso disco rígido faz para se ir conectando com a realidade é bem mais lenta que a velocidade a que esta se vai transformando. Cada vez é mais difícil fazer downloads e há resets atrás de resets até ao reset final, que se deseja o mais tardio possível. Enfim, lentamente até ao ocaso, que é o contrário de depressinha, que não sei se é mas parece o contrário de depressão. Depressão destes dias cinzentos de chuva e frio e desesperança. até o céu parece chorar infindamente as dores deste pobre país achincalhado, violado e dado aos porcos. 
         Nada disto me surpreende. O que me admira é não termos aprendido com os nossos erros. O que me leva ao Warezoog de novo. Para quem não existe ele é muito esclarecido. Não me consegue convencer a comer couve de Bruxelas, mas mesmo assim admiro-o muito. Sempre ao lado do povo. Como convém. Nada de recriminações, por favor. Sejamos lúcidos, já em 68 exigíamos o impossível, com urgência. As gravatas vieram depois, não é Conh Bendit, Daniel de seu nome, Dany para os amigos? Tu e o Rui fazem uma bela parelha, hei-de apresentar-vos o Warezoog...e por favor não me fodam. Desatinem, como qualquer pessoa decente. Voltem a ser decentes. Como o Papa. Sejam papas, promulguém um novo evangelho. O evangelho segundo Warezoog: Os desatinados também têm coração. Comam-no. 

Vosso, Redfish, hoje com coentros!

quinta-feira, março 07, 2013

À Maria Ana



   O tempo, o implacável, o que passou...
   Todos os dias me pergunto: estou aqui a fazer o quê? Porque perco tempo com isto?
   Não sirvo para dar conselhos a ninguém minha querida, muito menos àqueles a quem dedico maior estima,  mas há uma coisa que é certa: para trás o tempo não volta. Por muito revoltados que estejamos por nos terem posto neste mundo sem nos perguntarem nada, não conseguimos desnascer ( como pedia o josé Mário Branco no "FMI" ), os caminhos nunca acabam e são sempre para a frente, mais uma série de diatribes  e demais sacanices  de que gostaríamos culpabilizar alguém, mas o responsável ou responsáveis, se os há, há muito que deixaram de circular por estas terras, que com o Paraíso que parece já terem sido pouco ou nada têm em comum. 
  Tudo isto porquê? - perguntas tu do alto dos teus despachados 19 aninhos, pintados de fresco ainda e tão airosos que a de os ver até nos sentimos capazes de...sei lá, mandar lixar a Troika, ou deitar o governo abaixo, coisas que seriam muito mais proveitosas de fazer do que escalar montanhas ou outras parvoíces do género, que se usam dizer que faríamos quando nos sentimos arrebatados por qualquer coisa.
   Há 19 anos, peguei-te pela primeira vez, já tinha o treino com outra princesa, foi mais fácil, mas a emoção foi a mesma, o nó na garganta, a estranha sensação de ser dono do mundo e sendo-o de facto naquele momento - eu era o homem mais rico, mais feliz, mais palerma também - eu sei que sou um choramingas, mas há lágrimas que sabem tão bem chorar que eu não sei explicar, apenas sei que Deus ao pé de mim, naquele momento, era um pedinte. 
   Hoje, ao ver-te a ti, à Mafalda e à vossa mãe, consigo olhar para trás com alegria. Eu sei que há coisas que podiam ter sido bem melhor, mas o que REALMENTE INTERESSA, eu tenho. 
   A vida não é um filme, não tem ensaios nem repetição de cenas, por isso, filhita, goza-a bem, sem grandes pressas, saboreia-a a cada dentada que vás dando. O que não te agradar cospe para o lado, aproveita bem o que for bom e se puderes sê feliz.
 Tens tudo arrumado? Então, ala que se faz tarde. E leva a pandeireta. Pode dar-te jeito.

   Beijos.



terça-feira, janeiro 29, 2013

O dia em que recordei o futuro!


 Saí de casa como quase sempre, sem grande vontade e sítio para ir que a fomente, a perna esquerda a pedir licença à direita para avançar num arrastar de pés conveniente, digno da condição de autómatos em que sossegadamente nos vamos tornando. Era um dia cinzento e magro, dia típico destes tempos pós Troika que vamos vivendo(?). Cruzei-me com os rostos fatigados de rotinas do costume, estranhos do dia a dia que nos habituamos a ignorar, como Deus manda. 
  Normalmente bica e periódico iniciam o périplo diário de qualquer português que se preze de o ser. O banquete de horrores pimba que é o CM deixa qualquer cristão retorcido, quanto mais a mim que sou um analfabeto religioso sem credo e pouco enfezado para o que é uso na minha idade. Uns quantos assassinatos e outros tantos acidentes, quedas de prédios, roubos e incêndios, umas declarações patéticas de governantes para palerma ler, comentadores à direita da direita  para esta usar e deitar fora, artistas mamalhudas e casadoiras que se refastelam em fotografias supostamente sexy sobre notícias do seu suposto noivado com o jogador suplente do clube de qualquer lado que é pai da filha de outra actriz atroz que deixou para trás e agora está na Casa dos Segredos a enroscar-se num segurança que se inscreveu no concurso porque precisa de dinheiro para pagar a depilação a laser que a noiva traída, frente à televisão, se  arrepende em lágrimas amargas, o tê-lo incentivado a fazer....ufff! Pois.
  Compraz-me ver outros a fumar. É um vício muito mais barato e dá o mesmo relaxe e tempo para pensar.
Um palerma que se preza em ser palerma a seguir vai trabalhar para poder pagar aos bancos o dinheiro que eles desbaratam em jogos de bolsa e reformas chorudas de banqueiros e amigos. Há os palermas em part time que nem trabalho têm e que são assim como que lixo para os tais banqueiros, pois além de não pagarem nada ainda têm a distinta lata de receber um niquinho do que aos senhores (caritativamente) é devido.
  Pois não rezam as crónicas que vivemos a cima das nossas possibilidades? Aí eu faço um enorme esforço com os poucos neurónios que ainda não queimei com antidepressivos e litros de álcool marado  e tento recuperar a memória desses tempos  supostamente esbanjativos em que eu e os meus, em orgias de gozo e luxúria demos cabo da economia nacional. Escorrego por caminhos imaginários em direcção ao passado, tal como Alice na terra das Maravilhas caio por buracos onde cresço e minguo até cair no mar das minhas possibilidades ultrapassadas, mas esbarro numa parede de betão armado (em carapau de corrida) com letreiros elucidativos que me informam que esses conteúdos foram retirados do programa - "Tivesses pensado nisso na altura" - e traumatizado pelo esforço e pela pancada quase desisto e me rendo à evidência.
  Mas...há sempre um mas, felizmente, rebate de consciência, más companhias ou qualquer coisa igualmente perversa ou subversiva que me impedem de ser tragado pelo esgoto laranja que nos cerca e limita e fujo em direcção às minhas memórias, agora libertas de escrúpulos morais e condicionamentos servis, e vejo apenas uma família pacata, quatro humanos e uma gata quase humana, dois ordenados, uma casita e um carro, um televisor e uma hi-fi e tento descortinar onde esbanjei eu as fortunas de que me acusam? Será por ter as garotas a estudar? Eu sei que para este governo a educação é um luxo exorbitante, mas não sei, será este o caso? Ou será por comprar livros e jornais? Outro luxo, evidentemente, mas porra, não eram assim tantos. A vida ensina-nos, contudo, a tentar compreender que nem todos entendem que para lá do futebol e da missa ao Domingo há outras coisas e desejos, há mais mundo para lá das estreitas paredes duma mente moldada ao sucesso pintado com as cores do sucesso neoliberal e a liberdade segundo a Opus Dei.
   Pois bem, nesse dia cinzento e magro, não fui à bica. Contrariamente ao habitual, dirigi-me ao primeiro estranho com que me cruzei, cumprimentei-o e curiosamente ele sorriu-me e cumprimentou-me por sua vez. Falámos um pouco e combinámos encontro. Outra pessoa chegou entretanto e estranhando ver-nos em tão amena cavaqueira ( porra de palavra, desculpem) conversa, logo se nos juntou e aos poucos éramos já alguns trocando ideias e falando da vida. Experiências diferentes, caminhos diversos e sonhos cada um sabe dos seus, mas o mesmo desejo  de ser feliz e vivê-los em paz. Marcámos encontro: Dia 2 de Março, na Fonte Luminosa. Cabem lá muitos mais. Desde que venham por bem. Pelos nossos sonhos e pelos dos nossos. Até lá, abreijos.

 Redfish

quinta-feira, dezembro 27, 2012

O cavalo de Boris Vian


   Olá.
   Deixem-me limpar o pó que se acumulou por aqui desde a última vez que aqui vim com alguma disposição de debitar o que na minha alma se vai tornando pesado. É curioso, não sei se é comum a outros, o que acontece comigo neste particular da escrevinhação. É que os motivos que muitas vezes me levam a escrever  são os mesmos que me fazem repudiar tal ideia. Isso acontece, aconteceu e acontecerá certamente de novo. A realidade ultrapassa frequentemente em violência, non-sense e cretinice as mais imaginativas das ficções e enredos. Quando tudo se processa num clima de apatia e conformismo de uma sociedade de cadáveres ambulantes - Walking Deads? isso é banal, os nossos mortos vivos são muito mais aterradores - vergados ao peso das suas necessidades e do medo de ser impedidos de as satisfazer, multidões de  novo escravos assumem as culpas dos seus algozes na vã tentativa de não os desagradar, numa lógica de sobrevivência canibalesca em que o próximo deixa de ser um amigo para se tornar uma ameaça, tenho tanto nojo do que nos tornámos que paro, pois tudo o que poderia produzir nada mais seria do que... seria apenas um vómito.
  É lógico que eu não escrevi porque não me apeteceu, mas a tentativa de explicação acima elaborada tem o seu valor, porque, na verdade, apanhei um valente ressaca virtual e só de olhar o PC me agoniava.
  Este cansaço, fastio melhor dizendo, é muito bem explicado num dos mais maravilhosos livros que li, "A espuma dos dias", de Boris Vian. O título, muito poético, não faz justiça ao francês original, em que a espuma a que se referia era a que se forma na boca dos cavalos, quando muito cansados. Daí a razão do meu título. Manias.
  Foi uma boa quarentena.
  Voltei, em derrapagem conflituante com a prossecução dos meus interesses e os do colectivo, sem querer saber que o Ano Novo que é mais velho que eu sei lá, vem com a sua carga de miséria e injustiça sob o fogo de artifício do costume, nas festas onde os palermas habituais, carregados de vinho e outras drogas legais, se enganam reciprocamente com votos de prosperidade e alegremente engalanam o cadafalso onde porão os pescocinhos com gardénias e bandeiras coloridas made in China. Enjoy Porra Cola, man, enjoy e não penses muito, Porra Cola é que é uma porra do caraças, é a porra dos campeões que patrocina  toda a merda que aqui se vai fazendo mais a que aí vem, porra para isto. Fim do Ano, depois dum fim do mundo que foi uma treta, já nem nos Maias se pode ter confiança, já o Eça o sabia e disse, o que ele não podia saber era da Porra Cola, a rainha de todas e de porra nenhuma,  da porra da dignidade, que se foi, da porra da decência, que se vendeu, da porra da solidariedade que se escondeu, da porra da vergonha que não se sabe onde está, da porra da liberdade que se matou.
  E olhamos os rostos que se perfilam em discursos teletravestidos de oficialidade dúbia e autenticidade obscura, para sabermos que tanta legitimidade tem o impostor disfarçado de poste avançado da ONU para países de imbecis, como estes governantes da porra que alicerçam a incoerência das suas atoardas em mentiras que só não os metem nas mais sórdidas cadeias porque quem está por trás destes trastes é a Porra Cola, a poderosa e omnipresente Porra Cola camuflada em sombras, buracos, disfarces, formas e feitios diversos, exércitos da salvação, igrejas, casas de putas, navios cisterna e outras porras que eu sei lá, tudo serve os seus intentos, tudo serve para que tudo isto se mantenha.
  2013? Eh,eh,eh,eh!! Grande porra!