quinta-feira, agosto 09, 2012

Ambrósio, tire-me a venda dos olhos!! Pimba



  O calor dilata os corpos e abrasa-me o juízo. Não que perca a noção das coisas, isso não, mas se alguma musa alguma vez perde tempo a inspirar-me, no Verão vai a banhos, como toda a gente.
 Quero com isto dizer que estou completamente às aranhas e vou carregando nas teclas sem ter um objectivo definido. Pareço o governo. Com algumas vantagens. Esta escrita não tira o pão a ninguém e eu tenho consciência da sua exacta valia. Estou confiante de que pelo menos alguns me perdoem esta desfaçatez, mas nesta altura do campeonato acreditem que isso é o que menos importa.
 Portugal, neste Agosto de 2012 está muito mais à deriva que a minha escrita. Esta misteriosa e extraordinária falta de sentido do ridículo que os nossos bem detestados governantes vêm patenteando, emparceirada com uma completa ausência de preocupação social e uma tendência preocupante para o autoritarismo parolo do tipo "made in Santa Comba", tendem a transformar este nosso "cantinho" numa fossa onde vêm desaguar todas as excreções mais nefastas das sociedades de mercado livremente selvagem: o lambebotismo, o nepotismo, o compadrio, a corrupção, os "bufos", enfim, uma sociedade baseada na injustiça e onde "os tribunais fazem parte do bando dos abutres" ( como dizia Brecht na maravilhosa e didáctica "A excepção e a regra").
 Um suão quente e triste varreu as praias deste país onde a meia dúzia de tugas a quem não foi roubado os subsídios de férias tenta convencer-se que o "estásse bem" é real e que isto vai melhorar por obra da Santa Engrácia padroeira dos palermas que sempre esperam acontecer e da Santa troika que no dizer dos mais entendidos, entre duas imperiais e as notícias do Record - ah se o grande Eusébio jogasse ainda, eram só medalhas - veio cá pôr ordem nesta merda.
 Até as sardinhas deram de frosques, cansadas de esperar por uma frota de barcos, que numa manhã de nevoeiro, vindas do ignoto buraco para onde, tempos atrás, Cavaco Silva  (que a ignorância e o mau gosto tornaram presidente) as mandou,  as venham pescar!!
 À noite há menos estrelas brilhando no céu, tempo de crise, sinal de poupança, neste jardim combustível, que mesmo tendo pouco para arder, todos os anos consegue queimar mais que no anterior, dizem as notícias e eu acredito, pois não há notícia de as notícias não serem verdadeiras e se fosse bem pago o melhor emprego de verão era o de bombeiro, trabalho não falta e tem entrada à borla nos bailes onde as meninas casadoiras e os seus pretendentes varões, se bamboleiam ao som das lamechices do Michael Carreira, ou do Tony, também Carreira de carreira já feita, seu pai, ainda mais choramingoso e arrebatado, assim numa onda romantico/licor de ginja, à venda em qualquer Continente perto de si.
 É este o nosso triste fado, tão triste que até já é património mundial, e cada vez há mais fadistas, dá-se um pontapé numa pedra e salta um rouxinol a trinar desgraças, não há família que não tenha dois ou três rebentos com tendências ou castiças ou marialvas, conforme o tamanho dos bigodes e onde estão implantados, meu senhor, António Calvário volta que estás perdoado, dizia eu mal de ti e da Madalena Iglésias e mal sabia para o que estava guardado, é isto mesmo, este país está fadado, eu estou fadado, estamos todos fadados, que me perdoem o Marceneiro, a Amália, o Camané, a Mísia e todos os que me encantam, mas estou farto de tanto me andarem a fadar o juízo com a história da desgraçadinha e do rei de Portugal que mesmo embuçado tinha e tem cara de parvo e um cavalo alazão que morreu vá-se lá saber com quê, olha, fadeu-se e pronto, foi o destino, que coisa horrível, tão injusto este destino, bem jogo no euromilhões e vou a pé a Fátima, a ver bem vou a pé para todo o lado que a gasolina está cara, mas nada sucede, destino ingrato, podia ir no cavalo, mas mataram-no com o fado...azar.
 Isto está longo e para quem não sabia o que dizer está demasiado longo. Não esquecer que eu sou apenas um humilde peixinho vermelho, lutando para não ser comido por estes tubarões meia tigela  que nos azucrinam a vida. Por isso, vou dar às barbatanas. Fiquem bem. Até breve.

Redfish