terça-feira, agosto 02, 2011

Dicionário de banalidades e outras crises

Meu Deus, desculpa eu só te ligar quando estou na merda, mas sou eu e não sei quantos milhões de gajos e gajas que o fazem, das mais diversas maneiras e feitios, em várias línguas e credos, portanto já sabes do que a casa gasta e com toda a certeza que não te chateias, porque a malta não faz por mal, é só por necessidade que se estivéssemos bem os gajos das religiões, padrecos, rabis, gurus e afins há muito que estavam eles a chamar por ti em vez de ser o povinho, que só se lembra de Santa Bárbara quando chove e de ti quando há chuva e quando não há desde que a ovelha tresmalhada esteja, como se usa dizer, na merda até aos olhos.
Todos os bichinhos têm problemas com outros bichinhos, que os parasitam para se safarem, os cães com as pulgas, por exemplo, ou com as carraças, exemplo mais problemático, e há assim na natureza associações pouco recomendáveis, pois pouco sinérgicas e muito penalizadoras de um dos associados e na raça (quase) humana esses exemplos são aos milhões. Por exemplo, a Madeira é sugada há décadas pelo Grande Térmita, espécimen troglodita com aparência humana, de verborreia fácil e digestões difíceis, que marca o início da silly season todos os anos com uma festa rija onde dispara gafanhotos e disparates de vários quilates contra a Humanidade em geral e os cubanos em particular, sobretudo os do "contenente" que teimam em não o mandar internar numa qualquer instituição psiquiátrica de baixo custo e lhe vão permitindo todas as diatribes e desvarios enquanto come e dorme à custa dos nossos impostos (sim, dos vossos também, pensam que era só dos meus, não?) gozando do estatuto de inimputável vá lá saber-se porquê!!
Mas, Deus, desculpa lá este desvio, não é disto que eu te quero falar, nem da porra do assalto que este (eleito, pá, já sei, escusas de vir com essa) governo muito social e pouco democrático tem levado a cabo com sucesso e poucas queixas ( devem usar vaselina com lidocaína ), contra o bolso dos cidadãos mais absurdamente e pacificamente assaltáveis do planeta, por conseguinte do mundo, e mais por conseguinte ainda da Europa, invertendo a ordem relativa das coisas para dar mais ênfase a esta associação recreativa a que aderimos há uns anos e que se foi algo como a defesa dos direitos do cidadãos e do estado social que nos motivou ao ajuntamento, então devemos ter feito muita merda porque estamos por ela a ser compelidos a destruir o pouco que tínhamos conseguido conquistar...mas claro que não é disto, nem da privatização da água, da RTP, dos caminhos de ferro, ou da real puta que os pariu como diria o senhor Saramago e muito bem que eu te quero falar, topas?
O que me leva a interpelar-te é um problema metafísico que me tem atormentado desde a adolescência e só agora tenho coragem para to dizer: Ouve-me bem: Tu não existes. Está dito. Não existes coisa nenhuma, nem és todo poderoso, esse é o Obama, nem engravidas virgens disfarçado de Espírito Santo, o Ricardo sim, esse é que leva tudo a eito, virgens, não virgens, gajas ou gajos que ele papa na voracidade do lucro, tu não és nada, és a miragem dos pobres, o embuste bem pregado para que nos aquietemos, para que sejamos submissos enquanto suspiramos pelo nosso lugar num paraíso que só conseguimos imaginar olhando de longe para aqueles que o usufruem aqui na terra, seita de privilegiados que domina e controla tudo, governos, pensões, supermercados, clubes de futebol e casas de putas, poços de petróleo e navios de guerra, enquanto nós, desempregados, precários, mal pagos, somos tratados como lixo e entregues à tua misericórdia, palermas sem futuro nem presente à espera do milagre que tu nunca farás, porque és um deus com os pés de barro, que quer agradar às multinacionais dos poderosos e entreter-se com a caridadezinha das esmolas aos tesos. Passo bem sem ti. Vai fazer um estágio e volta depois, quando já não fores preciso para nada, porque aí é que é o teu lugar. Adeus e não voltes, que eu estou cansado de falar sozinho.