quarta-feira, dezembro 28, 2011

Pequenos prazeres: sou um Príncipe dentro das minhas meias.

Estou sentado no sofá. Na televisão - contrariando o hábito masoquista de assistir manietado ao desfilar de saberes e sabores para todas as crises e gostos, mais os que na misericórdia infinita das suas ejaculações estatisticamente precoces com gráficos vomitados ao sabor das correntes que ignorando a evidência querem o rio da história a correr da foz para a nascente, como se a lei do dólar tudo justifique, inclusive o desastre nuclear desde que bem avaliado por uma agência de rating, ou no caso de o opinador ser nacionalista, pela real puta que o pariu - passa o DVD com o espectáculo de Peter Gabriel com a New Blood Orchestra, gravado em Março deste ano que se apressa ao suicídio, em Londres. Fabuloso é pouco para descrever o que estou a "ouver". Neste reino que partilho com 3 princesas e uma gata, temos ás vezes momentos assim. Acontece quando calha, mas normalmente estou dentro das minhas meias, satisfeito e penso menos mal do mundo. Fica mal a um peixinho, mesmo vermelho dizer certas coisas, pensaria certamente o senhor doutor fulano de tantos, comendador obrigado, comentador encartado, bajulador invertebrado y coisa y tal, mas eu sacudo as barbatanas com desdém e mantenho a minha: o que é bom é bom e o nosso governo é uma bosta, sem precisar de ser testado ou passar pela vergonha de ser confrontado com coisa melhor. Haverá coisa pior, não desminto quem o diga, mas esta peçonha neoliberal que se apega às almas como o fungo ao queijo não tem a decência de contribuir para o fim da crise com a única medida que poderia tomar sem fazer mal a ninguém: suicidar-se investindo com a cabeça contra uma parede cheia de pregos! Não defendem eles o investimento acima de tudo?

terça-feira, dezembro 20, 2011

Problemas gastronómicos

Um coração está muitas vezes fora do seu juízo quando detesta o que ama?
É impossível considerar abjecto aquilo de que se gosta?
Odiar de morte o que nos dá prazer?
É possível, é possível sim.
Porque julgam que deixei de comer cherne e agora só o cheiro de coelho me agonia?

Este é um exemplo de escrita sem vontade. Vim apenas para mostrar a quem tem o hábito, o azar, o prazer ou outra qualquer razão para aqui vir, que este cidadão que sou eu, detesto, odeio, tenho raiva e sinto desprezo, por tudo e todos que se relacione com este governo que mais do que um governo parece uma casa de alterne.
Isto não é um desabafo. É um estado de alma. Espero bem não ser o único a sentir assim. Se formos muitos, talvez a energia faça tremer os céus e a terra, os oceanos enfurecer-se e os ventos bailar desordenados. Se formos muitos, talvez de uma vez por todas este povo de anémonas com hormonas retardadas ganhe coragem e ouse a revolta. Talvez consigamos obrigar o Passos Coelho e a sua rapaziada a emigrar e para longe, onde não haja nem sonhos nem memórias, nada a não ser areia e esquecimento. Um lugar de onde não possam voltar, nunca mais. Para que eu recupere o prazer de comer uma boa coelhada. Acreditem que só por isso vale a pena.
Entretanto, ali, num Petit pays logo atrás do mar azul, chora-se por uma voz que o tempo não vai calar. À grande Cesária a minha pequena homenagem.

sexta-feira, dezembro 16, 2011

O dia em que o Diabo perdeu a mão





O dia em que o Diabo perdeu a mão
Coincidiu com o dia em que a honra perdeu o juízo
Todos nós rimos e brincámos com a situação
Menos a Pátria que se sentiu enxovalhada

No Sábado era dia de Todos os Santos
Resolvemos ir à praia
Como não marcaram eleições
Nesse dia comemos frango e salada

Dias depois, chovia muito
A Pátria partiu para a Alemanha
Foi sozinha sem os putos
Que ficaram à guarda de um polícia

Como todos os putos
Tivemos todos muitas saudades
Mas depois com a brincadeira
Nunca mais nos lembrámos disso

A parte chata desta história
E com essa é que não contávamos
É que para pagar as aulas de inglês
Tivemos que partir os mealheiros