terça-feira, abril 25, 2006





Grândola, vila morena: José Afonso


Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

Terra da Fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada rosto igualdade

O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira

que já não sabia a idade

jurei ter por companheira

Grândola, a tua vontade

Grândola, atua vontade

jurei ter por companheira

à sombra duma azinheira

que já não sabia a idade.



domingo, abril 23, 2006


Há razões para acreditar em Milagres, dizem eles! É bem verdade, os Milagres existem, têm uma ribeira(!??) e embora as promessas que se seguem às denúncias se acumulem à vários anos, não há milagre que resolva o problema das descargas na Ribeira dos Milagres. E não deve ser por perseguição política à populaçaõ da freguesia, que a câmara NÃO ACTUA. Deve ser mesmo por incompetência, ou então por conivência com os autores de tais desmandos. Má maneira deste executivo camarário agradecer a quem os pôs lá.

As Selecções há anos e anos que selecionam tudo o que mais milagroso se passa neste mundo tão desesperadamente necessitado de milagres. E não é difícil saber porque a boa da Jamie, aos 46, está mais experiente e mais feliz. Não é preciso ler a revista, nem ser bruxo!

De facto, ela está feliz porque não pensa! Não pensa, que só por milagre é uma das poucas felizardas que não vive nem nos Milagres, nem no Iraque, nem no Sudão, nem passa fome, é bonita e ganha muito dinheiro a fingir que é outras pessoas que têm vidas a fingir e que todos podemos ver, nos cinemas ou na televisão, é feliz porque vive na terra da felicidade, os EUA, que vendem felicidade aos pacotes de vários tamanhos conforme o que se puder pagar, este é o Milagre americano, tem dinheiro e és muito feliz, diz-se por lá, e então está muito mais fácil a vida para todos os que aspiram à felicidade, e quem for contra leva com 50.000 marines felizes e contentes por irem espalhar a felicidade por esse mundo fora a golpes de napalm, bombas de fósforo e salmos cantados com aquele feeling dos felizes escravos das plantações de algodão que eram tão felizes que cantavam enquanto trabalhavam, esse era o milagre da economia, e há quem veja nisso o exemplo a seguir, pôr o povo a trabalhar, sem ganhar, sem dreitos nenhuns, mas felizes por estarem vivos e terem vozes tão bonitas!!!

As pessoas dos Milagres são um pouco como a Jamie Lee, embora possam não ser tão bonitas, nem terem empregos tão interessantes e tão bem pagos, e viverem ao pé duma ribeira poluída com trampa de suíno em vez de numa mansão junto a uma praia magnífica cheia de iates e gente bronzeada: Experiência não lhes falta e tal como ela, tambem não pensam, pois se o fizessem não tinham dado tanto voto a esta gente que há tantos anos os engana com promessas mais que vãs. E assim não há milagres que lhes valham!

Amén!

Redfish

terça-feira, abril 11, 2006

Numa altura em que tanto se falou de paridade, e igualdade de oportunidades entre sexos, faz decerto algum sentido que se discuta muito seriamente o assunto, muito para mais num país onde para a mesma função há remunerações diferentes em claro desfavorecimento das mulheres, mesmo que se lhes reconheça as mesmas ou até maiores capacidades ou quando se vê que quando aumenta o desemprego, são elas as mais atingidas.
Desemprego, uma realidade para milhares de portuguesas e portugueses, que aliada ao baixo índice cultural e baixo nivel de formação profissional se traduz em miséria, que só pode ser combatida com políticas de solidariedade e de investimento na cultura e na formação.
Por isso quero aqui lembrar os 10 anos da criação do Rendimento Mínimo Garantido, como 1 das melhores leis do ponto de vista social, promolgadas depois do 25 de Abril. Recordar é lembrar que toda a direita se atirou a esta lei pois "poderiam haver abusos". Claro que sim, e claro que os houve. Mas eu, injustiça por injustiça, prefiro correr o risco entre aqueles que auferem rendimentos mínimos, do que pactuar com a hipocrisia daqueles que são coniventes com os que têm rendimentos máximos, e impunemente fogem a impostos, acumulam pensões e esbanjam fortunas.
Por isto, 2 poemas do catalão Miquel Marti I Pol

A ELIONOR

A Elionor tinha
14 anos e 3 horas
quando começou a trabalhar.
Estas coisas ficam
registadas para sempre no sangue.
Ainda usava tranças
e dizia: «sim senhor» e «boas tardes».
As pessoas gostavam dela,
da Elionor, tão meiga,
e ela cantava enquanto fazia correr a vassoura.
Os anos,porém, dentro da fábrica,
diluem-se no opaco griséu das janelas,
e ao fim de pouco a Elionor não teria
sabido dizer donde lhe vinha
a vontade de chorar,
nem aquele irreprimível
aperto de solidão.
As mulheres diziam que aquilo
era porque estava a crescer e que aqueles males
se curavam com marido e filhos.
A Elionor, de acordo com a mui sábia predição das mulheres,
cresceu, casou-se e teve filhos.
O mais velho, que era uma rapariga,
só havia três horas fizera os 14 anos
quando começou a trabalhar.
Ainda usava tranças
e dizia: «sim, senhor» e «boas tardes».

DE SEMÂNTICA

Recentemente
na fábrica
melhoraram muito
as relações humanas.
Agora, por exemplo,
ao tirar-se o prémio semanal
a uma operária,
por uma mistura de fios,
por exemplo,
ou por qualquer acto de indisciplina,
já não se diz impôr um castigo;
diz-se:
estimular o sentido
da responsabilidade.

REDFISH