quarta-feira, dezembro 28, 2005

FELIZ PÓS-NATAL


Prezados Blogueiros, olá.
Depois de umas bem merecidas e efusivas vacanças natalícias eis-nos de volta.
Nós descansámos mas o país não. Neste pequeno torrão à beira-mar plantado e depois transplantado em vários outros continentes, com outros mares e outras gentes, o pulsar da vida continuou, mesmo sem nós. Não com a mesma qualidade de vida , mas continuou.
Sem dúvida que além do Pai Natal, mais 5 personagens têm ocupado, uns mais do que outros, é verdade, porque quem controla os meios de comunicação e (des)informação assim quer e assim o exige, mas na medida em que esse tão "democrático" procedimento o permite, todos eles tentam fazer-se ouvir (há também quem tenha optado por se fazer só ver, pois sempre que abre a boca perde votos) e isso são estratégias de campanha, tão pensadas e rebuscadas que nós só muito dificilmente seremos capazes de entender como elas funcionam e como as nossas mentes condicionadas por tantos anos de xaropadas televisivas são por elas afectadas.
Eu cá, no entanto, e mesmo não sendo comentador encartado, que esses pagam-se bem, são todos suprapartidários, mesmo os que são do PSD ou fazem parte da Comissão de Honra do Cavaco, e sabem todos muito sobre todos os assuntos, tão inteligentes eles são que até aborrece, dizia eu então sobre mim, que embora não seja nada dessas coisas, pois eu cá sou partidário, e devo ser muito burro porque apoio o candidato de quem eles dizem pior, e que não tem hipótese nenhuma, e outras coisas do género, só falta dizerem que não gostam dele porque ele diz mal deles, o que até não é verdade, e tem sido para mim um ponto fraco da candidatura, deviam aproveitar o tempo de antena para desancar essa cambada de lambe-botas sem vergonha, viciados em distorcer a realidade, tanto ,tanto, que em fases do discurso já não sabem se falam da realidade ou do mundo paralelo que inventaram, e que tem sidos os verdadeiros promotores do discurso que a múmia cavaquista não diz, para além da cassete rscada de " Os Portugueses conhecem-me...os portugueses conhecem-me...os portugueses conhecem-me...". Alguns ó Totó, é o que apetece dizer, eos que te conhecem não votam em ti nem mortos, eh!eh!eh!
Mas, o que interessa é a minha apreciação ao desempenho dos senhores candidatos ao mister de presidente desta nossa pequena mas singela república.
1- Mário Soares- Porta-se como se fosse o dono da casa. Só lhe falta o roupão e os chinelos para se sentir mais à vontade. Trata os outros candidatos como uns pequenos traquinas que querem ursupar o que é dele ( pensa ele ) por usufruto, e até se permite a ralhar com eles quando não gosta do que dizem, quando lhes tenta mostrar como se gere o condomínio.
2- Cavaco Silva- Este é o candidato que tem de ganhar nem que seja preciso por o Tejo a correr para a nascente. É um lobo que veste a pele de cordeiro, e por isso não fala, porque a voz o trairia.
Pode ser conhecido tambem por Aníbal das Brumas, tão espesso é o nevoeiro que esconde as suas verdadeiras intenções. O Hino da campanha é explícito desse ponto de vista e bastante piroso.
3- Manuel Alegre - É bom rapaz, e segundo ele, justo, fraterno e solidário. Sempre o foi nestes 30 anos que leva como deputado do PS na Ass. da República. Chateou-se agora um pouco com a falta de solidariedade dos que têm sido justos e fraternos com ele durante estes anos todos, e apresenta-se como suprapartidário, tal como os comentadores encartados, só que é muito mais inteligente e honesto que eles. Candidata-se não conseguindo explicar muito bem porquê, mas leva com ele muita rapaziada de esquerda que cresceu a ler os seus poemas, e estão convencidos que levam um poeta a Belém.
4- Jerónimo de Sousa - Os comentadores encartados têm trabalhado imenso na menorização desta candidatura, que de menor só tem o tempo de antena, comparativamente com a dos candidatos protegidos pelo sistema. Tem a sua fraqueza no que lhe garante a sua força ( paradoxo meio parvo que eu para aqui arranjei). O apoio do PCP com a sua história recente de dissidências e exclusões que comprometem a aparente sensibilidade pluralista que ele tem demonstrado ao longo da campanha. O PC deve ter contratado novos e bem melhores assessores de imagem porque o homem aparece bem vestido, substituindo os horríveis pull-overs por fatinhos de bom corte e de óptimo gosto. A boa imagem não consegue esconder o velho moralista ( viva a moral proletária) que há em cada comuna, como quando Jerónimo de Sousa tomou posição sobre a prostituição. Parecia um testemunha de Jeová.

5 - Francisco Louçã - Pronto, eis-me completamente rendido às qualidades e ao discurso de Louçã. É verdade que sou suspeito. Ligam-me a este candidato várias cumplicidades e à muitos anos que andamos pelos mesmos trilhos. Mas não devo deixar que isso me impeça de dizer o que tem saltado à vista de quem tem seguido a campanha eleitoral e viu os debates. Por isso acho incrível o que na comunicação social os ditos comentadores encartados suprapartidários e alguns muito legitimamente partidários têm dito e feito para diminuir, enxovalhar, enfim ocultar aos olhos dos eleitores aquilo que foi claro em todos os debates: Louçã é de longe o candidato melhor preparado de todos, que revelou estar mais atento às novas prioridades para Portugal, que não se refugiou em generalidades nem se esquivou a discussões sem medo de ser confrontado com algum rabo de palha que porventura possa ter, foi eloquente, didactico, afirmativo e assumindo as suas posições e atacando os seus adversários de uma forma firme mas correcta. Resumir o que fez Louçã reduzindo as suas qualidades à sua já reconhecida capacidade oratória, é tentar tapar o Sol com uma peneira. Como se um discurso pudesse ser valorizado apenas em função do como é dito, sem que o que é dito tenha importância. Não esteve ali um actor com um papel decorado e a dizer coisas ao sabor da vontade dos outros, porque é políticamente correcto e dá para sacar uns votos. Esse papel fica muito melhor entregue a Cavaco Silva. O que há em Louçã que tanto os incomoda é a confiança que demonstra quando fala, a frontalidade com que se expõe, é o empenhamento de quem sabe do que fala, e não tem razão nenhuma que o impeça de falar. Eles, sabem disso, e à falta de melhor inventatram outra: Louçã seria o novo Cavaco, o Cavaco da esquerda. Boa tentativa. Mas não pode ser à custa de Louçã que eles queiram melhorar o estatuto do Dr Cavaco. Nada mais longe disso. É que para começar a anotar diferenças, Louçã não diz "os portugueses conhecem-me, eu sou o maior", tem sempre dito e redito, vamos partir para outra, vamos aprender todos juntos a fazer um Portugal melhor. Essa é a diferença. E Francisco Louçã merece que o conheçam melhor.

Esta foi a minha modesta contribuição para a causa presidencial, e para que o verdadeiro debate comece aqui e já no nosso estendal de cuecas e outras interioridades. Em Leiria, que este ano não está tão exuberante em luzinhas de Natal como o ano passado. Mesmo assim gasta-se uma pipa de massa e continua a ser uma foleirice. Um exemplo engraçado vem de Porto de Mós. Umas letras singelas junto ao Castelo: Festas Felizes ou algo no género. Eficaz, simples, barato e muito menos piroso que o costumeiro arraial em que se transformam algumas das nossas ruas.

REDFISH



quinta-feira, dezembro 01, 2005

TRIBUTO A M.C.V.

Com a devida vénia e em sincera homenagem reproduzo aqui um texto de ´Mário Cesariny.

É importante foder (ou não foder)?

É evidente que não, não é importante.

Fode quem fode e não fode quem não quer.

Com isso ninguém tem nada

Mas mesmo nada

A ver

O que um tanto me tolhe é não poder confiar

Numa coisa que estica e depois encolhe,

Uma coisa que é mole e se põe a endurar e

A dilatar a dilatar

Até não se poder nem deixar andar

Para depois se sumir

E dar vontade de rir e d'ir urinar.

Isso eu o quiz dizer naquele verso louco que tenho ao pé:

«O amoré um sono que chega para o pouco ser que se é»

Verso que, como sempre, terá ficado por perceber (por

mim até).

Também aquela do «outrora-agora» e do «ah poder ser tu

sendo eu» foi um bom trabalho

Para continuar tudo co'a cara de caralho

Que todos já tinham e vão continuar a ter

Antes durante e depois de morrer

Aproveito esta oportunidade ( convicto de que Mário Cesariny não se importará) de dedicar este poema atodos aqueles que se têm oposto histèricamente a uma das poucas medidas decentes que este nosso governo tomou: a de retirar os crucifixos dos edifícios públicos.

Redfish