quarta-feira, dezembro 30, 2009

Na Páscoa sou mais meigo



Olá!

Espero que tenham passado um bom Natal. Esperei que a data passasse propositadamente para não me sentir obrigado a desejar um bom Natal aqui em público, sabe-se lá a quem.
Um bom Natal deseja-se a quem se gosta, aos amigos e familiares, ou deve-se desejá-lo indiscriminadamente a qualquer um? Supondo que temos a ler aqui o blogue um polícia e um ladrão, ao desejar um feliz Natal aos dois não entro numa espécie de regime de incompatibilidade? Quem fala de polícia e ladrão, pode falar de trabalhador precário e patrão que o explora. Desejar um bom e feliz Natal a este, é absolutamente contraditório com os interesses daqueles que por não terem nem dinheiro nem emprego certo, vão passar um Natal triste, muitos deles a trabalhar longe dos seus, para poderem sobreviver quanto mais ter festas.
Devo confessar que passei um bom Natal. Comi e bebi bem, com pessoas de quem gosto, e se não fosse pelo tediento e pouco ( para mim, claro) fraterno processo das prendinhas o Natal até seria bué de fixe, tal como outras ocasiões menos mediáticas mas em que fraternalmente as gentes se unem. Afinal, como diz o poeta "...Natal é em Setembro ou quando um homem quiser..."
Eu sei que dá jeito ao comércio e a muito filho da mãe. Sei que é a época da caridade e da boa vontade. Rouba-se durante o ano, dá-se meia dúzia de prendinhas e ganha-se alento para mais um ( novo) ano de roubalheira até à nova época. Sei que há quem viva o Natal de uma forma sincera e arrebatada. Quem antecipe o Natal todos os dias dando o melhor que há em si para que ainda possa haver a esperança de um Natal para muitos. Mas a esses ( AMI, AI, GREENPEACE, por exemplo), é no dia a dia que os podemos acarinhar e apoiar.
Concluindo: Por muito que o pintem, o Natal é uma festa que nos atinge desigualmente.
E a grande verdade é que quando damos as melhores prendas aos nossos e comemos e bebemos o melhor que podemos oferecer-nos, estamos perfeitamente esquecidos dos que nesse dia, como em qualquer outro, são para a maior parte da Humanidade apenas "esquecidos", são as páginas negras dos jornais, os refugiados, os naufragados, os repatriados,os "danos colaterais", os que são sempre notícia de rodapé nos telejornais.
O Natal europeu é igual ao Natal africano? O Zé Eduardo e o Berlusconi não se devem conhecer mas penso que para eles a resposta seria sim. Pois é.





Era uma vez,
Paco Ibañez!

Sem comentários: