terça-feira, setembro 20, 2011

Os testículos de Midas

Este blogue vai gaguejando a sua história, cada vez com mais impaciência. Se é verdade que me entretenho e gosto de escrever, também é verdade que a voragem de trampa que vai emerdando o nosso quotidiano é tanta que me desanima a escrever, pois não posso simplesmente ignorar o que se passa e vir para aqui apenas por vir.
Pensando em como resolver esta contradição, depois de me agoniar a ouvir a conversa amável que o Pedrinho de (algum) Portugal teve na RT(Portuguesa, até quando?), e tendo em consideração que a tal conversa não me enojou mais do que o previsto e, por outro lado mexeu com recantos menos usados do meu pequeno cérebro, resolvi trazer aqui o mito de Midas, o tal rei, bom homem, diz quem sabe, a quem Baco, agradecido por Midas ter cuidado do seu velho e bêbedo pai Sileno, lhe conferiu, a seu pedido ( vejam lá o chico esperto), o poder de transformar tudo o que tocava em ouro. Conta a lenda que não demorou muito a aperceber-se que tinha feito asneira, pois se tudo o que tocava logo em ouro se transformava, nem abraçar a filha pôde, que ela virou estátua dourada, nem comer, que a perninha do frango ficou a mais valiosa de todas mas incomestível, pois por muito que brilhe, ouro não se mastiga, nem digere, e assim é certo que iria morrer de fome, mas o mais importante, foi quando ele, gozando uma pausa e como qualquer macho humano que se preza quis usar do direito mais elementar que a viril ( as sumimos que sim para não complicar, tá) estirpe, do mais humilde ao mais poderoso, usufrui: coçar tomate! E foi quando a sua mão se dirigia apressadamente na urgência de uma comichão incómoda aos testículos, que Midas teve a visão aterradora do que seria a sua exstência futura se persistisse em querer tanto e tão fàcilmente alcançável ouro! Conta a história que ele correu apressadamente a Baco a renegociar o pedido que fizera e que este, na sua infinita bondade ( já não se fazem deuses assim, infelizmente), o livrou do seu poder lavando as mãos no rio Pactolo, com cujas águas aspergiu todas as coisas que transformara e que voltaram a ser o que eram.
Foi isso que aconteceu a Warren Buffet,ele que é constantemente citado na lista das pessoas mais ricas do mundo, sendo o terceiro homem mais rico do mundo em 2010 e que numa versão mais moderna poderemos comparar ao tal Midas. Ele teve a visão de Midas e viu que a ganância imensa dos mais ricos e poderosos do mundo está prestes a matar a galinha dos ovos de ouro, desculpem eu estar misturar fábulas, mas aqui a história dos testículos do Buffet não sei se teria cabimento, e esta serve adequadamente os meus propósitos. A questão é esta: a sugar tudo a toda a gente, os recursos do planeta a serem consumidos alarvemente, essas bestas arriscam-se a ser donos de um imenso deserto dourado, sem nada mais para alimentar a sua ganância.
Ser taxados para eles nada significa, mas esse nada deles significa a salvação de muitos outros, aqueles que não tendo nada asseguram que eles tenham tudo!
Filantropia de Warren Buffet? Nada disso, o homem quer é poder coçar os tomates descansado e continuar a ter o mundo nas mãos, e ainda fica com a fama de bonzinho!
Eu gostava que o Dr Pedro lesse ( e entendesse, já agora) a história de Midas, que a divulgasse alegremente por entre as hostes neoliberais onde o dinheiro é deus, e fizesse entender àquelas alminhas ( ao João César das Neves não vale a pena) que renegociar é uma táctica que é boa para os dois lados do negócio, que há mais na vida que o dinheiro, e se como se já viu se estão cagando para as pessoas, ao menos protejam os tomates, por muito pequenos que os tenham!
Eu sei que não sou mais que um peixinho vermelho e que quem costuma fazer sermões é o Santo António aos da minha espécie, mas desculpem qualquer coisinha, se não mudamos de vez em quando a história à História, não há Santo Antoninho nenhum que nos salve.
Fiquem com esta




Vosso, Redfish

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