o que me faz ficar absorto, quieto, a pensar sei lá em quê, 
 no Mar Morto ou no preço do café
 todo torto, e dormente dum pé
 A teoria, todavia, contraria
 a explicação que obterão na ocasião
 pois varia, quem diria, com a alegria
 que há ou não, no coração, deste escrivão
 Posto isto e mais o que se amanhar
 não resisto a extirpar
 o bem visto e exemplar
 quisto com pernas que nos está a governar
 Quisto ou tumor
 aborto ou carraça
 petisco ou estupor
 nado-torto ou apenas chalaça
 Chalaça de mau gosto
 cachaça com fogo posto
 trapaça com mosto
 arruaça em Agosto
 Tudo o que já leu
 tudo o que não viu
 sortudo camafeu
 faz tudo que o pariu
 Vida de artista
 servida à equilibrista
 pedida por quem resista
 querida masoquista
 O mito está enfermo
 o pito do estafermo
 o fito do governo
 caralhito eterno
 Nada disto resulta do controle emocional do pensamento corrente, nem da balburdia dos  sentimentos em revolta. Apenas da confusão de quem à deriva, vê um país à bolina, com o norte  desnorteado de culpa, marinheiros sonolentos em viagem para os exílios, alcoólico  fervor da  mortandade leviana e cristã. Nada disto faz sentido fora do sentido em que catastroficamente  nos movemos e  definimos como único. Nenhuma coerência nos pode ser exigida pois a diarreia  também flui como  um rio sem controlo e ninguém a tenta agarrar. Sejamos então justos:
 Como podem criticar o que aqui é dito? Não percebem? Que importa? Aceitem-no com a    mesma  complacência que tem sustentado a política deste governo que ninguém percebe, a não  ser que se aceite o assassínio como uma das belas artes e o suicídio como um sucedâneo um    pouco  menos refinado, apenas, mas também bastante sedutor e equilibrado na resolução de  problemas. A não ser que nos tenhamos tornado naquela espécie de vermes que se entretém  calmamente a ser devorada por todas as bestas que habitam as florestas mais recônditas dos  nossos inconfessáveis desejos. A não ser que tenhamos desistido de todo de ser. 
 Eu que hoje sou apenas mais um peixinho que ruma sem cardume neste mar de lágrimas, rogo-  vos que não se abstenham por mais violentamente que seja. Pacificamente, actuem, lutem. 
 Vosso, Redfish
 
 
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