Nós pensamos que já vimos de tudo, aqui, em Portugal, mas estamos sempre a tempo de mudar de opinião.
As eleições legislativas decorrem como de costume, com os partidos do poder mais interessados em esconder do que em mostrar, com o inevitável CDS a inventar, lançando cenários imaginários de um PREC que será muito mau, o caos e a tremideira, tudo com jornalistas comprados e comentadores vendidos a degladiarem-se nas páginas dos seus jornais/televisões/rádios, inventando conjuras, filmes de espionagem e presidentes que entram mudos e saem caquéticos e personagens de telenovela a iniciarem-se ( com pouco sucesso e sem o mínimo sentido do ridículo) nas lides da política, mesmo que para jovens, sempre tratados como atrasadinhos mentais.
Isto é em geral, o que se passa em Portugal. Em geral, pois há um distrito onde, por vontade de Deus ou sabe-se lá de quem, não se passa absolutamente nada. NADA.
As eleições legislativas não são cá, aqui não há candidatos, não há interesse, e quando questionados dizem-nos que não há tempo.
É assim que se vive em Leiria. A independência e isenção que fazem da profissão de jornalista algo de nobre e muito belo, foram substituídas aqui por uma curiosa necessidade de nãda se fazer proactivamente que incomode, que ponha em causa, que preturbe, mesmo que minimamente, quem manda. É VERGONHOSO o que se passa em Leiria com as eleições para a Assembleia da República. Mas se estiverem com atenção durante todo o tempo em que não há eleições as harpias do costume esgadanham-se em prantos pelos poucos carinhos que os representantes regionais prestam aos que os elegem, círculos uninominais pedem-se com urgência e em vários tons e sound bites de profunda intenção legitimista.
E eu já não seguro a frustração e a raiva contra esta mesquinhice reaccionária, esta peçonha disfarçada em "pés bem assentes no chão" em oposição à "irresponsabilidade utópica" de quem exige que algo mude nesta terra em que o mais podre não são as carcaças de suínos que de quando em vez passam ufanamente rodeadas de detritos por rios e ribeiras abaixo até à foz onde com a ajuda de Deus o mar as engulirá e tudo fica pronto para outra. O mais podre disto tudo não se vê apenas se pressente, mas contagia-nos, controla o ar que respiramos, torna-nos absurdos actores duma farsa em que o encenador é o mesmo há 26 anos.
Pois bem, está na hora de ir para outra. O caso é este: Temos hipótese de começar a virar as coisas, a dar gaz a um novo modelo de vida. Vamos arrancar ou preferem mais do mesmo? Preferem mais 30 anos com esta falta de capacidade em aceitar até a própria imagem reflectida nas águas que juraram tornar límpidas e boas? Que enxovalham quem os afronta, sem remorso e sem vergonha?
Está nas nossas mãos. Nas tuas mãos. TUAS MÃOS! TUAS!
Pela primeira vez uma força de esquerda tem hipótese real de eleger um representante pelo distrito de Leiria. O Bloco de Esquerda contrariando a tese de alguns doutores que os remetiam para o lado das impossibilidades históricas, vem provar que "quem ainda está vivo, nunca deve dizer nunca" como escreveu Bertolt Brecht. Vamos então abrir a porta à esperança? Vamos trazer um pouco de Abril a Leiria? Vamos acreditar que está na hora?
3 comentários:
Não sei bem do que Leiria mais necessita?! De 10 líricos com um caixão às costas de uma forma irreverente a enterrar e velar a sanidade biológica do rio Liz, ou se um tecnocrata que se desloca a Leiria de 4 em 4 anos na sebastianica vontade de aumentar a representação parlamentar na capital?! Qual a garantia que irreverente e temerária vontade livre que nos impela será potenciada? Quantos posts, artigos, intenções ou confusões o vosso-nosso cabeça de lista participou no distrito de Leiria...Ele alguma vez escreveu neste blogue? Há mais alguma blogue, twitter ou outra forma universal de comunicação global que nos faz ligados ao mundo e nos remeta para este pensamento comum e irreverente de pensar Leiria?
Gosto das questões, que revelam um bom sentido crítico e um posicionamento de quem observa e julga sentado no seu canto esquerdo o que os irreverentes líricos mais o tecnocrata ( há-de explicar-me o porquê dessa afirmação) vão fazendo.
Sempre é cómodo e dá para criticar.
Preferia contudo que se juntasse a nós. Seríamos 11, se não viesse mais ninguém. Mas espero bem que sim. Aliás, garanto-lhe que já não somos só 10.
quanto ao resto, é só procurar na Net. Facebook, Twitter, claro que nos encontra.
Volte sempre.
Redfish
A questão é bem mais simples do que julgas... (nem penses que te vou tratar por você) Informalismos à parte, o número 10 é um dado preciso, foi mesmo esse o número de pessoas que se manifestou nos tempos jurássicos do BE em Leiria, se bem me recordo andava por lá um tal de Vitorino e sua mulher a agarrar o caixão e mais oito líricos a acompanhar, era no tempo que aida valiamos pouco mais de 1.8%, reuniamos numa tal varanda ali para os lados do Governo Civil, e incomodávamos verdadeiramente o poder instalado com a nossa pequenês, os tempos mudam, as vontades não, mas a justa representação que vocês merecem... mesmo que não desejada, diga-se merecida
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