domingo, abril 01, 2012

Com a verdade me enganas ou já não tens dentes para mentir?

Percorremos caminhos cheios de escolhos. caminhos que vamos ajudando a fazer com a nossa apatia, o nosso silêncio, a nossa triste resignação, ela própria filha do nosso triste fado.
Fazemos ouvidos moucos ao futuro e qualquer treta impingida em horário nobre é uma verdade absoluta que não carece de demonstração.
O fim do mundo começa na Grécia, como nos querem fazer crer, mas de lá, um 1º ministro maltrapilho - como nos querem fazer crer - ainda tem tempo de mandar recados ao nosso bem amado - como nos querem fazer crer - Passos Coelho. Diz o pobretanas que ao extinguir o Ministério da Cultura o nosso governo deu uma péssima imagem do nosso país, coisa que eles mesmo vendo-se gregos para satisfazerem a voracidade dos da Troika nunca fariam. Esbanjadores - vocifera o povo patarata e patrioticamente crente - que aprendeu que a Grécia é o lado negro de uma realidade que está tão longe daqui como Plutão, o tal planeta que afinal era como as promessas do Passos Coelho uma mentira, um planeta do 1º de Abril, mas que na realidade mora aqui mesmo, na cabeceira da cama que fizemos e onde agora ninguém se quer deitar, nos BPNs e nas auto estradas que serram a nossa paisagem em cortes sangrentos de euros e de vida.
Um país que não o é, piada de dia 1 de um Abril perpétuo que acreditámos que só tinha o dia 25, mas que a fada má e os seus fadilhões se encarregam de nos mostrar como entre a matança do porco e a festança há quem fique com o presunto todo e há quem roa os ossos...do ofício.
Em Leiria, não chove nem sai de cima. Esta seca que tem a única virtude de impedir que os do costume descarreguem as suas entranhas impunemente na ribeira que há muito não é de milagre nenhum mas dos Milagres se chama, paira sobre esta cidade que secou há muito as fontes donde jorravam as suas memórias. Perdidos numa ilusão de novidade que se desmente a si mesma, os leirienses estagnam e procuram em vão as moiras encantadas que lhe disseram crescerem como papoilas nos campos do Lis. Excepções: a excelente exposição da não menos excelente pintora leiriense Sílvia Patrício, que esteve patente até dia 31 no Banco de Portugal; a garra e permanente criatividade de alguns quantos agentes culturais que apesar do desinvestimento do governo/autarquia/vereador na promoção e apoio à Cultura na região, no teatro na música, na dança, na fotografia e na pintura, têm sido justamente elogiados pela sua entrega e qualidade dos seus trabalhos.
Entre o princípio e o agora destas linhas começou a chover. Ou muito me engano ou esta noite vai haver merda na ribeira. Oxalá me engane. Esta chuva faz muita falta, não precisa de efeitos colaterais. Muito menos deste género e que se repetem há tantos anos. Tantos que até pensamos que é mentira.

Redfish

O grande José Afonso

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