terça-feira, novembro 14, 2006

Revolução vazia



Os caminhos estavam todos marcados a tinta no mapa

eram, contudo, poucos os que não iam dar a Roma

paredes meias com adolescentes suicidas

Padres presunçosos destilavam hóstias de orgulho macho

e o ninho da serpente estava, como de costume, ocupado

A culpa é fêmea bradavam, é sempre a fêmea

E no clamor dos seus destemperos exigiam justiça

como se a vingança pudesse esconder o despudor

com que os negócios da Divindade se cruzam com os de Hipócrates

o vazio dos discursos, o vazio moral dos donos da Moral

o engano em doses industriais, a farsa como panaceia de todos os cancros

que metastizam na leveza singela de uma opção:

ser honesto sem ser crente, ser coerente sem ser cego

ter visão sem ser vidente, ter mais que um mapa à mão

e escolher os caminhos que se quer seguir,

o sol pelas costas, rumo desorientado, vento nas ventas

olá aqui há gato, diremos ansiosos

e se não nos portarmos bem

sentamo-nos e esperamos pelo próximo referendo,

talvez à nossa intrépida perseverança

ou aos solavancos estóicos da nossa alma?

Poderá ser, mas continúo a achar que devemos desconfiar

de todos os que apregoam certezas e desfilam virtudes.

Por muito latim que falem!!

Ita missa est.

Amen

Redfish

13 comentários:

Anónimo disse...

Tenho para mim de que o Bloco apostou no cavalo errado..teremos que esperar para ver até que ponto é que haverá participação activa do PS,PC e BE,no que concerne ao próximo referendo.Até prova em contrário,estou do lado da posição defendida pelo PC,nesta matéria.Dirão alguns, que não senhor.Que a posição mais democrática é repetir-se o dito.Pago para ver se teremos força de participação cívica para contrapor o clero,e a moral estabelecida.

Anónimo disse...

Caro pescadinha com o dito na boca

Ora cá está uma opinião igual á minha, a posição do PC era a mais correcta, se o PS tem querido já era lei, e mais nada.......como diz o caro Pescadinha vamos ter que lutar com armas desiguais com o clero, o caciquismo autárquico, patos bravos e afins.

Atento

Anónimo disse...

Não pensem que as coisas vão ser diferentes...porque haveriam os portugueses de votar de outra forma do que o fizeram não há muito tempo atrás? a moralidade católica impõe-se e os jovens sendo mais esclarecidos por um lado, por outro demonstram um total desinteresse por este tipo de iniciativas.

Anónimo disse...

o engano em doses industriais, a farsa como panaceia de todos os cancros

que metastizam na leveza singela de uma opção
Ena.....metastizam é um pouco forte...mas gostei bastante...poético mas com as barbatanas lúcidas no chão

Anónimo disse...

Sim à despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (Aborto) a única via para a Responsabilização. (Artigo de opinião a publicar no JMG - 16/11/2006)

O debate que está em discussão sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez é a escolha entre a responsabilização (Sim) vrs preconceito irresponsável (Não). A discussão não é de ordem científica e tão pouco deontológica, trata-se unicamente de responsabilizar.

Responsabilizar os organismos de saúde pública face ao atentado indigno do vão de escada, responsabilização do homem enquanto parte integrante do processo e responsabilização dos agentes sociais que terão uma oportunidade de recensear, direcionar, apoiar e dignificar quem se dirige a um centro de saúde com intenção de efectuar uma IVG.

Ao contrário do que os arcaicos defensores do Não advogam, o melhor procedimento para responsabilizar e numa derradeira tentativa oferecer uma alternativa a quem pretende efectuar uma IVG é precisamente abrir as instituições de Saúde a essas mulheres. Ninguém deve recorrer a uma IVG levianamente e a melhor forma de acompanhar é conhecer o caso, oferecer um conjunto de alternativas envolvendo outros agentes sociais. Mas se mesmo assim for intenção da mulher avançar com a interrupção voluntária da gravidez, ela deverá ter o direito de o fazer de uma forma digna, que não coloque em risco a saúde pública, independentemente do seu estatuto ou condição social.

Como se percebe hoje, no inicio de sec. XXI, os partidários do Não encaram a questão como uma cruzada, pretendem continuar a assistir à humilhação de colocar mulheres nos bancos dos réus, casos completamente absurdos, em Aveiro houve um caso de uma mulher que foi julgada grávida, enquanto aguardava o nascimento de um bebé desejado, após absolvição, aguarda o recurso do ministério público por um aborto que realizou há mais de 10 anos. Por todo o país o ridículo da questão tem sido um pouco esta, mulheres, muitas delas que entretanto já foram mães, sentadas nos bancos dos réus sujeitas a humilhações públicas de julgamentos absurdos.

Responsabilizar é preciso, saúde pública é preciso oferecer uma alternativa é preciso, a única via é Sim.

João Saraiva

Anónimo disse...

Antes do século XIX não existiam leis anti-aborto, só no pontificado de Pio IX e após este declarar que a alma começa a existir no momento da concepção,é que começaram a aparecer as leis contra a IVG. Entre 1950 e 1985 a quase totalidade dos países desenvolvidos, liberalizaram as suas leis contra o aborto por razões de segurança e principalmente por respeito aos Direitos do Homem. Os países em que o aborto é ainda ilegal tem a ver principalmente com antigas leis coloniais e raramente reflectem a opinião pública. São normalmente países com um nível baixo de alfabetização sendo que a sua grande maioria se encontram na Ásia e América do Sul. Na Europa, com uma legislação que pode acarretar prisão, apenas se juntam a nós a Irlanda e o Chipre.
Esperemos sinceramente que os portugueses se mobilizem já que maior parte das pessoas pensa que se trata de um problema que apenas afecta os outros....pensem que antes da IVG há que fazer uma boa divulgação de métodos de contracepção e especialmente baixar o preço dos preservativos...a IVG deve ser vista como um último recurso e já agora proponho que se debata o porquê de se propôr na pergunta a referendo apenas uma decisão unilateral...qual é o papel do pai?

Anónimo disse...

Se é verdade que uma das razões por que nos batemos nesta matéria, é, o direito da mulher à sua própria vontade de ter ou não filhos, independentemente das razões,que a podem levar a esse acto,sempre muito traumático... sendo também verdade que o que se defende é a descriminalização do aborto até ás 12 semanas,portanto segundo os entendidos, (alguns)é no período de ausência de vida, não faz sentido que o homem tenha que ser imiscúido nesta pergunta,pois neste caso não será considerado pai. Outra coisa é o homem ter o direito e a obrigação de compartilhar com a sua companheira de todo este drama. Sim, é que é sempre um drama,independentemente das razões que podem levar uma mulher a este acto.Eu, também por principio, sou deliberadamente contra o aborto.Pretendo com isto dizer que, nos dias que correm, existe muita mulher, jovem ou não, que poderia evitar situações de aborto,mas,hà tantas situações de dramas pessoais de variadissimos tipos que não será justo opinarmos sobre o que cada mulher deve ou não fazer.Isto não significa que não entenda que é, e tem sido, um dos maiores atentados aos direitos individuais das mulheres, e à saúde pública.Por isso, ao encontro do que fiz e tenho feito, estarei de corpo e alma pela sim.

Leiria em Cuecas disse...

Quando o BE fez a recolha de assinaturas ( 75000 ) para levar ao parlamento a petição para a realização do referendo sobre a IGV estava nos comandos desta lusitana nave uma coligação de má memória PSD/CDS que já jurara a pés juntos que nunca daria importância a tal assunto, pois o mesmo já tinha tido resposta popular ( o tal referendo não vinculativo mas que para a direita toda é base de argumentação ). Tentou o BE, pois, trazer ao Parlamento, e muito bem, o assunto, que de outra maneira nunca seria falado naquelas cicunstâncias! Há algo de errado nisto? Dá-se o trambulhão ( tardio ) do governo do Pedrito e o PS em maioria na AR apoiando o seu governo que afirma alto e em bom som que vai realizar o referendo o mais depressa possível. O PCP acha que não, que deve ser votada a lei no Parlamento e bonda, o que até não é de forma alguma incorrecto, e se o PS o quisesse fazer foi assumido pelo BE o voto favorável. Mas não esquecer que a lei, embora não descendo à discussão na especialidade, já tinha sido aprovada no parlamento, sendo depois "negociada" pelo governo Guterres com o PSD de Marcelo, com acordos na revisão da constituição e o referendo à UE que não chegaria depois a ser efectuado por causa do NÃO francês, etc. Quem nos garante que em caso de a Direita subir de novo ao poleiro, a lei, aprovada apenas por maioria Parlamentar, não seria de novo alterada por nova maioria parlamentar? É ou não incontestável que a vitória do SIM no referendo lhe dá uma força "moral", de que a norma parlamentar está desprovida?
São questões que são pertinentes e não há dúvida que ambas as posições têm bons argumentos e alguns contras. Mas que essa discussão fique para depois. Agora o que interessa verdadeiramente, é vencer o referendo. Pela dignidade. Pela Justiça.

Redfish

Anónimo disse...

Caro Redfish,
a verdade nua e crua, é a seguinte: o BE,faz um acordo com o PS de Gueterres.O acordo seria que,caso o referendo fosse contrário, o PS, apresentaria uma alteração à lei na Assembleia.O BE, subscreveu esse acordo, não contando com aquilo que se veio a verificar.Ou seja, o famigerado Guterres,finou-se politicamente.Veio de seguida o Barroso,depois o pedrito de portugal (em letra pequena,como é conveniente)e, depois aínda o dito cujo, homem de barba rija, que faz sempre o que quer e aquilo que outros pretendem.Muito bem....em que ficamos??? ficamos pelo ultimo discurso do dito cujo, de que em democracia teremos que cumprir com as regras mais elementares da democracia participativa,ou sela,teremos que aceitar qualquer resultados do referendo.Todos os outros principios não fazem parte do sidtema democrático e as mulheres que se fodam como melhor entenderem.O BE,entrou e engoliu essa treta, e, a culpa, é unica e exclusivamente na aposta no cavalo errado.

Leiria em Cuecas disse...

Caro irascível, essa do acordo do BE com o Guterres está de mais. Só mesmo no Jornal da tua terra!! Ou no Avante, talvez!
É bom que as pessoas tenham memória e se lembrem de quem sempre andou e ainda anda à procura de acordos com o PS (que sempre lhes deu com os pés ).
É que o Bloco não foi!!

Redfish

Anónimo disse...

Falam,falam e não sabem o que dizem.O pior cego é aquele que não quer ver..... será que o redfish, sabe do que fala?porque será que esse facto que eu citei,repare que lhe chamei um facto,só seria possível de ler no avante ou coisa assim? eesa mania do purismo e do deus menino que há em nós....não,fique descansado porque não vale a pena procurar argumentar algo,refugiando-se no papão do PC. Saudações

Anónimo disse...

Off Tópic

Mas que raio de maldição anda no grupo parlamentar do PCP? Querem correr com a Luisa Mesquita, para mim uma das mais esclarecidas figuras da AR, acho que vão por mau caminho.....mas enfim, o povo é sereno.

Atento

a d´almeida nunes disse...

Leiria em cuecas!?
Sinceramente, acho que aquela malta do Parlamento só querem é sacudir a água do capote.
Então andamos para aqui a votar em quem nos represente para deliberar sobre as questões de interesse nacional, pagamos e de que maneira as despesas de estrutura (e que estrutura!) e de funcionamento daquele mostrengo e ainda temos que os substituir nos casos mais bicudos, aqueles que mexem com adamastores que ainda metem "um certo receio" às gentes que tripulam aquela nau?
Valha-nos Deus!