Ainda agora Sócrates se demitiu, mandando por arrasto governo e governantes para de onde nunca deveriam ter saído, ainda os pretensos substitutos do costume se deleitavam com a hipótese de ainda poder fazer mais trampa que os finados, eis que sem se conter, como numa ejaculação precoce, o director em exercício desse grupo de potenciais governantes anunciava a primeira medida a tomar mal o tal poder lhes caísse nas mãos: subir o IVA. Original? Não, apenas a constatação que a diferença entre PS e PSD, neste momento, está apenas no D de demente, de doido, de todas as palavras começadas por D menos de Democracia. Deveriam chamar-se PSL, com L de lorpa, mas que também é consentâneo com Liberal. Partido Social Liberal. Ficava bem à agremiação laranja. Ou partido dos Sonsos Laranjas, haveria muitas hipóteses. Fica a sugestão, mas não quero agradecimentos.
Pensei que o governo a cair fizesse mais estrondo, Sócrates bem o tentou com aquela comunicação ao país que pretendeu dramática, mas que o ridículo tornou trágica e que para a populaça cheirou a comédia. Eu acho que foi uma farsa. Mais uma, à boa maneira socrática. Este governo não caiu, atirou-se, mas tinha um colchão de penas por baixo para não se aleijar. Estes senhores que durante 6 anos, primeiro em maioria absoluta, depois em maioria relativa, chamam-se a eles mesmos socialistas, e desbarataram, estragando ou vendendo, património que era nosso, de todos os Portugueses, no que foram devidamente apoiados pelos seus presumíveis futuros substitutos laranjas e pelo indefectível amigo de estimação do presidiário ex-director do BPN, e agora Presidente eleito de Portugal, Cavaco Silva.
Cortaram nas pensões, nos ordenados e nos subsídios. Só não cortaram nos impostos.
Desinvestiram na saúde, na educação, nas obras públicas, mas compraram submarinos, carros de combate e carros de luxo. Privatizaram empresas estatégicas, que geravam receitas para o estado e enveredaram na aventura das Parcerias Público Privadas, para gáudio de alguns privados e prejuízo de todos nós, numa alegre cavalgada para a ruína. Empenharam honra e créditos perante os parceiros internacionais, cedendo à chantagem dos especuladores que nos sugam os proveitos e arrasam a nossa economia, numa dócil subserviência que contrasta com a arrogância e autoritarismo com que atacam o cidadão comum cada vez mais fragilizado. Os Financeiros, sejam eles os "misteriosos" mercados ou apenas gordos capitalistas bem instalados estão satisfeitos. Sabem que o remédio é igual ou pior que a doença.
E nós? Até quando vamos deixar andar?
Eu sei que sou apenas um peixinho vermelho, vermelho de raiva, de vergonha, de tudo e mais alguma coisa que nos deixe vermelhos, mas também sei que para este peditório já dei há muito tempo. Por todos nós, acho que a queda, infelizmente, foi muito pequena para que sirva de castigo por tantas mal feitorias. É pena.
Redfish