quinta-feira, março 24, 2011

Sócrates está morto! Viva Sócrates



Ainda agora Sócrates se demitiu, mandando por arrasto governo e governantes para de onde nunca deveriam ter saído, ainda os pretensos substitutos do costume se deleitavam com a hipótese de ainda poder fazer mais trampa que os finados, eis que sem se conter, como numa ejaculação precoce, o director em exercício desse grupo de potenciais governantes anunciava a primeira medida a tomar mal o tal poder lhes caísse nas mãos: subir o IVA. Original? Não, apenas a constatação que a diferença entre PS e PSD, neste momento, está apenas no D de demente, de doido, de todas as palavras começadas por D menos de Democracia. Deveriam chamar-se PSL, com L de lorpa, mas que também é consentâneo com Liberal. Partido Social Liberal. Ficava bem à agremiação laranja. Ou partido dos Sonsos Laranjas, haveria muitas hipóteses. Fica a sugestão, mas não quero agradecimentos.
Pensei que o governo a cair fizesse mais estrondo, Sócrates bem o tentou com aquela comunicação ao país que pretendeu dramática, mas que o ridículo tornou trágica e que para a populaça cheirou a comédia. Eu acho que foi uma farsa. Mais uma, à boa maneira socrática. Este governo não caiu, atirou-se, mas tinha um colchão de penas por baixo para não se aleijar. Estes senhores que durante 6 anos, primeiro em maioria absoluta, depois em maioria relativa, chamam-se a eles mesmos socialistas, e desbarataram, estragando ou vendendo, património que era nosso, de todos os Portugueses, no que foram devidamente apoiados pelos seus presumíveis futuros substitutos laranjas e pelo indefectível amigo de estimação do presidiário ex-director do BPN, e agora Presidente eleito de Portugal, Cavaco Silva.
Cortaram nas pensões, nos ordenados e nos subsídios. Só não cortaram nos impostos.
Desinvestiram na saúde, na educação, nas obras públicas, mas compraram submarinos, carros de combate e carros de luxo. Privatizaram empresas estatégicas, que geravam receitas para o estado e enveredaram na aventura das Parcerias Público Privadas, para gáudio de alguns privados e prejuízo de todos nós, numa alegre cavalgada para a ruína. Empenharam honra e créditos perante os parceiros internacionais, cedendo à chantagem dos especuladores que nos sugam os proveitos e arrasam a nossa economia, numa dócil subserviência que contrasta com a arrogância e autoritarismo com que atacam o cidadão comum cada vez mais fragilizado. Os Financeiros, sejam eles os "misteriosos" mercados ou apenas gordos capitalistas bem instalados estão satisfeitos. Sabem que o remédio é igual ou pior que a doença.
E nós? Até quando vamos deixar andar?

Eu sei que sou apenas um peixinho vermelho, vermelho de raiva, de vergonha, de tudo e mais alguma coisa que nos deixe vermelhos, mas também sei que para este peditório já dei há muito tempo. Por todos nós, acho que a queda, infelizmente, foi muito pequena para que sirva de castigo por tantas mal feitorias. É pena.


Redfish

terça-feira, março 22, 2011

Só eu sei, porque é que fico em casa!!!


Kadafi por CAZIMAR




O mundo está louco, completamente marado, até eu que não sou de intrigas me pergunto como é possível que ninguém repare nisso. Amarrados aos pequenos problemas domésticos com que nos entretemos diariamente deixámos que tremores de terra, Kadhafis, Natos e outros sacanas do género fossem fazendo da Terra um lugar cada vez menos recomendável para se viver. Vejam bem a forma do mundo reagir. Os países poderosos do planeta, em nome da paz, deveriam ter feito uma enorme coligação humanitária e rumado ao Japão, e assim dando um contributo enorme para minorar o sofrimento dos que tudo perderam com este sismo. Mas que fez o mundo civilizado? Fez-se a tal coligação, com os "yankees" no comando, como Deus quer, os patetas alegres atrás, e em nome da paz foram bombardear a Líbia que já tem demasiados problemas com o ditador que lá vive, Kadhafi de seu nome e ex-amigo de José Sócrates e Cavaco Silva, e de outros bons rapazes colegas deles, que ao longo dos anos ganharam dinheiro a vender-lhes "fisgas" em troca de gasóleo para o carro. Tudo bons rapazes, portanto.
Eu sou um tipo que normalmente estou atento a estes pequenos pormenores, mas há uns meses que vivo rodeado de pequenas e repetidas incursões de escavadoras a escavacarem tudo o que é estrada, passeio, rua, ruela ou semelhante e transformá-los em caminhos onde nem as cabras transitam e onde os humanos têm óbvias dificuldades. Chamam eles a isto obras, mas até a minha gata, ou melhor, a gata que me escolheu para a sustentar quando lhe apetece, felina vadia e bem disposta que miava e tudo, anda tão angustiada e confusa com as transformações no seu habitat que já nem mia nem sai de casa, anda de cauda arrastada e nem quando lhe mostro fotografias de Cavaco Silva ela reage, pobrezinha, que nos bons tempos as esfarrapava logo todas todinhas. E eu, vivendo ao sabor da meteorologia, rodeado de lama ou de pó, este que se entranha a outra onde nos entranhamos nós, passo as passas do Algarve para ir de 15 em 15 dias ao centro de emprego relembrar ao país que sou um pária desempregado, subsídio dependente e que corro o risco de, tal e qual os malvados utentes das enormes pensões de reforma, ser chamado pelo governo ( a gata antes de estar aparvalhada com as obras, também esfarelava num ai fotografias do governo, todo junto, ou ministro a ministro ou ministra) a resolver a crise que eles mais os amigos do PSD e os amigos deles dos Bancos, coitados, não conseguem resolver, embora tenham conseguido fazê-la.
Eu sei que sou só um peixinho neste oceano conturbado de problemas, mas estes tubarões todos são uns nojentos e muito grandes para este aquário, roubam-nos espaço, roubam-nos vida, roubam-nos tudo, qualquer dia comem-nos e como isso era uma chatice, acho que seria melhor que Vexa, que me está a ler, se tiver amigos, os convoque e eles que chamem amigos deles também e assim sucessivamente para irmos todos correr com essa cambada e de caminho passamos pela câmara e dizemos aos gajos para acabarem com as obras antes que a minha gata comece a ladrar e ainda morda o vereador responsável.

Redfish

domingo, março 13, 2011

Precários os queriam, rebeldes os terão!

Ontem éramos mais que muitos, e muitos mais seríamos se...
presos a gilhetas que eles próprios criam, muitos cidadãos olham com desconfiança qualquer manifestação que convoque para a mudança, seja ela qual for. É verdade que muitos são os apelos a que isso aconteça. Activistas de sofá, fazendo do zapping o desporto favorito e do lugar comum a Bíblia, os tugas têm dificuldade em discernir a informação da manipulação. Afinal, são doutores encartados, comentadores com tarimba e experiência acumulada de anos a fio a rotular tudo o que se passe num raio de 2 milhões de km, no passado, presente ou futuro e que com a ciência dos euruditos peritos em tudo e sabedores de nada vão torneando a realidade ao sabor de interesses vários, sem se importar que a história não tenha fio e que no final a bota não bata com a perdigota. Mas qual é o mal se o que hoje é verdade amanhã é mentira e o nosso "opinion maker" é um criador de cenários com qualidades testadas por várias administrações de vários canais televisivos e outros meios de comunicação menos mediáticos mas igualmente manipuláveis.
Raramente há entre estas doutas criaturas unanimidade, o que convém para que não se esgotem numa só verdade todas a vozes, mas sem pôr em causa a Razão que os mandata, ou simplificando, o patrão que lhes paga, eles lá arranjam umas divergenciazitas que depois sustentam em querelitas sem consequência mas que supostamente os individualizam sem nunca pôr em causa a matriz ideológica que os orienta.
Neste caso, porém, do Protesto da Geração à Rasca, se um disse mata, outro esfolava, se para um era mau para o outro era pior, para um era a demagogia saindo à rua, para o outro era isso mais a irresponsabilidade juvenil, se um via nisto manobras dos comunistas, outro alardeava congeminaçõs bloquistas com perigosos parceiros internacionais e assim por diante, num crescendo de atoardas com o fito de desvalorizar o evento.
Hoje há um silêncio bendito. Atordoados pela realidade que da rua lhes entrou pela vida a dentro, perderam momentaneamente o pio! Estarão talvez esperando a voz do dono para congeminar novas estratégias, novas versões de histórias velhas para minar o que poderá daqui nascer se esta maré de gente perceber que ontem nada acabou, que o que aconteceu ontem poderá ser o princípio de muitas coisas, mas que só serão possíveis com empenho, e sobretudo mantendo lúcidas as mentes, livres de correntes e sectarismos. Se o caminho que escolhermos for o da participação cívica exigente e responsável, respeitando a democracia representativa num quadro de reciprocidade e defendendo o património comum contra os ataques dos especuladores, os serviços públicos essenciais contra a fúria privatizadora do capitalismo voraz, os direitos de todos os cidadãos e cidadãs sem distinção, camaradas e amigos(as), eles vão ter muito que fazer.

quinta-feira, março 03, 2011

Falsas verdades




É uma treta esperar que um mentiroso fale verdade.
Nada que possas dizer impede a dúvida.
A dúvida instala-se como uma multidão de percevejos famintos
Tudo contaminado como ter confiança?
Da mentira podemos desconfiar de tudo, até que use a verdade para mentir
Da verdade apenas desconfiamos de quem a diz
Isso impede-nos de ser objectivos
A verdade é o que se diz ou quem a diz?

A minha namorada diz, e é verdade, que eu ando aver televisão demais
na verdade ela não é minha namorada, mas é assim que eu a vejo
portanto é verdade. A minha namorada é verdade
A televisão é mentira. Como o Kadhafi.
O Kadhafi era verdade. Hoje é mentira. Conforme o lado de que se veja as coisas
Do lado do negócio dava jeito ser verdade. Mas não, dá muito nas vistas.
É portanto mentira.
Ou as armas do Sadam. Eram a verdade mais mentirosa de sempre, mas sendo
mentira mais que provada, passou a ser verdade que existiam.
Como diria um amigo, partindo do princípio que nunca existiram, ainda existem
Cada mentira justifica uma verdade absoluta. Maquiavel era menos presunçoso.
Mentir é uma das mais belas artes. O cinema é mentira. O teatro é mentira.
Mas podem dizer e dizem verdades


Nada nos defende da mentira a não ser o conhecimento, a cultura
Um povo de analfabetos é facilmente manipulado
Um analfabeto manipulado torna-se um burro arrogante
Um burro arrogante é uma arma de destruição massiva
Imaginem muitos, um país, BUUUM!
Acabei de ver o Sócrates na televisão...
nem sei porque comecei com esta treta

Redfish


terça-feira, março 01, 2011

O Regresso do Peixinho Vermelho - ainda em cuecas

Até que não passou muito tempo desde a última vez que aqui vim, mas percebo a vossa ansiedade.
Cá estou eu de volta às minhas Cuecas, e é de aproveitar enquanto as tenho, que a vida não está para brincadeiras.
Cercado a toda a volta por obras que devem terminar lá para o dia de S. Nunca, ou para Julho como diz a Câmara tento encarar o futuro com algum optimismo. É óbvio que o presente é altamente depressivo, com uma crise que é má, com medidas para a resolver que são piores, e com um Governo que as aplica que é péssimo, para não dizer pior. Mas podia ser pior ainda. E não é que é? Com um ar compungido, disseram-me, na multinacional onde trabalhei 24 aninhos, que não me queriam lá para semente e juntaram-me num molhinho com outra rapaziada e ao som de lamentos e lágrimas da Lacoste ( aquilo é gente fina ) deram-nos ordem de marcha. Nada que não seja esperado de gente que faz do lucro a sua razão de vida. Assim, de cu movido me vi como um dos colaboradores involuntários para o aumento de uma das pouca coisas onde Portugal se destaca: a taxa de desemprego - 11,2% . Dizem os governantes que estão contentes por estarem a controlar a coisa. Pois eu, vejam lá, não estou. Devo ser parvo, como toda a gente menos o governo, o PSD e a Isabel Stilwell que não é parva mas deve ter a cabeça em obras há mais tempo que a muralha da China, e o Alberto João Jardim que não tem inteligência, nem educação suficientes para ser parvo.
Nada de importante, portanto, neste interregno em que me deleitei com as aventuras de vários povos em prol da Liberdade. que o consigam, Tunísia, Egito, Líbia, Iemen, etc, que talvez a vossa luta contra a corrupção e o nepotismo chegue à Europa de Merkel, Berlusconi e quejandos, todos democratas e bandidos sem pestanejar e pensar em inconguências, haja Deus.
Sempre a considerar-vos, mas agora a velocidade reduzida ou a pé, que o aumento dos preços dos combustíveis impõe estas pequenas traições aos nossos comodismos, vou-me e prometo voltar ( devagarinho, como já foi dito.)

Redfish

Dia 12, vamos perder o medo e vamos para a luta!