sexta-feira, junho 29, 2007

JUST DO IT !



Trabalho infantil, trabalho sem direitos,

trabalho temporário, precariedade,

exploração, ganância,

globalização, flexisegurança,

insegurança, terrorismo,

autoritarismo, guerra...

Infelizmente são ideias e palavras cada vez mais presentes no nosso dia a dia. Já não há hipótese de esconder a realidade. Ofuscados pelos seus desejos obscenosos senhores do mundo impõem a sua vontade a qualquer preço. Eles controlam governos, esmagam quem interfira na sua lógica de controlo total, invocam o caos para justificarem a sua violência autoritária. São os lobos com pele de cordeiro, engordando os rebanhos para melhor os devorarem, depois. Os seus lacaios de hoje, serão também triturados amanhã, embora vivam embalados nessa vã ilusão que o poder que pensam ter lhes dá. Vejam o exemplo de George Bush, presidente do país com o exército mais poderoso de sempre e que não passa de um testa de ferro das grandes petrolíferas, das empresas de armamento e de outros interesses estratégicos que na sua visão imperialista são os grandes esbanjadores de recursos naturais e responsáveis pela destruição do ecossistema planetário.

À nossa escala mais comezinha, Sócrates, marioneta com tiques autoritários e profundamente demagógico, serve mais o seu governo de incompetentes diplomados, os interesses mais conservadores dos mais conservadores dos nossos interesseiros magnatas. Gente reunida no "Compromisso Portugal", nome pomposo para empresários que estão irremediàvelmente dependentes de capital estranjeiro para aguentarem as suas firmas e amealharem os seus milhões, que pagam ordenados miseráveis a quem para eles trabalha, os dos "offshores", esses paraísos fiscais por onde escoam os seus lucros para não pagarem impostos, os da banca, os patrões de Bagão Félix, cujo código de trabalho este governo adoptou e até se prepara para ultrapassar pela direita e a grande velocidade!

Na 2ª feira passada, recebi um aviso de reunião urgente para a manhã do dia seguinte, na sede da empresa onde trabalho há 20 anos. Por falta de rentabilidade, foi-nos dito, metade dos efectivos seriam dispensados, sendo avisados pelo telefone atá às 15 horas desse dia. Assim aconteceu. Eu fiquei, mas até quando?

Ainda querem tornar mais fácil este cenário? Então deixem-se estar descansados a ver telenovelas e a pensar que só acontece aos outros. Por cada português despedido, Portugal empobrece mais. Para enriquecer meia dúzia de figurões, ficam a perder milhões.

E então?

REDFISH

sexta-feira, junho 15, 2007

Leiria, 14 de Junho de 2007, 13 horas.Luto

Dois trabalhadores morreram soterrados numa obra, na Rua Paulo VI, em Leiria.

Desde Janeiro/07, tinham ocorrido derrocadas nas traseiras da obra, na Rua Arnaldo Cardoso e Cunha, tendo os moradores e a imprensa local alertado para o perigo eminente da ocorrência de um acidente. Houve um período em que esta rua esteve condicionada ao trânsito. Com a continuação imprudente das obras e com a acção da chuva, não se tendo tomado as necessárias precauções, o imprevisto tornou-se inevitável.

As vítimas de 39 e 44 anos deixam órfãos, respectivamente, um menino de 8 anos, e uma rapariga de 15 anos e um rapaz de 12 anos.

Os "colarinhos brancos" já estão a sacudir a responsabilidade do capote! Como se previa e é habitual. Falam de "erro técnico"!

No fim da obra alguém terá o respectivo lucro. Também é habitual. E a memória não será de elefante.

As famílias terão o seu luto. Como habitual...

Em memória dos que partiram fica esta homenagem! Nada vale!


sábado, junho 09, 2007

Viver é preciso!









Como dizia Lavoisier ( simplificando), na Natureza nada nasce, nada se cria, tudo se transforma. Eu, do alto da minha ignorância, confesso embasbacado que há mais de 30 anos vou dando razão a este senhor. É verdade que a Química e a Física foram para mim dois tormentos, que só com muito custo os meus fracos neurónios venceram na árdua tarefa de aproveitarmos algo de útil naquele emaranhado de fórmulas, leis e quejandos. Mas que o senhor Lavoisier disse verdade, cada vez eu tenho menos dúvidas.Na sua tentativa de moldar a Natureza a seu bel-prazer, a raça humana tem sido uma força tremenda no que diz respeito às transformações que se vão operando no nosso eco-sistema, que por sua vez determina novas adaptações, e define novos padrões de vida para todos os seres vivos incluindo os próprios humanos, que efectivamente não controlam já há muito essa catadupa de novas cambiantes, que entretanto se vão manifestando ( climáticas, sociais, políticas,religiosas, etc) como se o próprio planeta se juntasse em declarações de revolta, a todas as gentes que vão exigindo novas formas de se encarar o futuro, mais ecológicas, mais solidárias, mais humanas!!

G8, a cimeira dos ricos, a prepotência à conversa, com muito patuá e fogo de vista. A visão do mundo de quem tudo tem e desbarata, roubado a quem nada tem e que é penalizado igualmente como se esbanjasse ou apenas tivesse acesso a um pouco do que aqueles regaladamente usam e abusam. Porque o problema eclológico é um problema político, porque a saúde ambiental do planeta está dependente das escolhas políticas que são feitas, e essas políticas são determinantes do tipo de desenvolvimento que se pretende, por isso os cidadãos, na sociedade civil, nos partidos, nos movimentos religiosos, etc, têm que de forma determinada enfrentar esse polvo ganancioso que tudo destrói apenas para tirar chorudos proventos, e que tão bem protegido está pelos apóstolos do neo liberalismo que vigora entre aqueles que detêm, devido ao seu poderio, militar, industrial ou económico as chaves do Mundo.

É preciso envolvermo-nos nesse combate, tanto a nível global, como a nível local, e aí questionarmos os nossos governantes regionais sobre as motivações que os levam a preferir autoestradas à ferrovia, a beneficiarem o transporte privado desinvestindo nos transportes públicos, na alarmante corrida pela betanização das nossas cidades, com a continuidade da construcção sem regras e com o consequente aumento da impermeabilização dos solos e as perigosas consequências que daí advêm.

Daí também a importância de se clarificarem as declarações de Saldanha Sanches sobre a promiscuidade entre autarcas e autoridades judiciais locais, para que de uma vez por todas os bois tenham nome nesta terra. Talvez aí se acabem as descargas na Ribeira dos Milagres, talvez aí os terrenos citadinos destinados ( e muitas vezes expropriados) para zonas verdes ou para construção de equipamentos de uso colectivo ( social ou desportivo) não sejam transformados, por obra e graça de interesses muito particulares e nada confessáveis, em zonas onde os patos bravos se deliciam a construir tudo o que lhes dá na gana e confere mais proveito.

Para que tenhamos um futuro melhor, temos já que começar a alterar o presente! E acredito que vale a pena!

Redfish


segunda-feira, junho 04, 2007

O Trono de Brecht

Quem é que se atreve a dizer que eu não tenho razão?`
É ou não é verdade que sempre que falamos nisto dá sempre o mesmo resultado?
o pouco que eu sei é contudo suficiente para perceber que não vamos a lado nenhum, e não me venham com conversas acabadas sobre a imponderável certeza da existência Divina e as dívidas de gratidão aos Céus, pois desde a pré-história que floresce esta carinhosa mentalidade que onera ao Senhor o traçado do destino, mestre da sorte e do azar com que nos condenam a ser sempre os mesmos borra-botas, o senhor me perdoe e a Virgem me acuda, mas a solidão nunca foi boa conselheira e nós vivemos 48 anos orgulhosos dela e dos lusíadas sem o capítulo X porque tinha umas cenas que mesmo em verso desatinavam com os neurónios dos senhores censores, que estavam assim para a cultura como o Sócrates para a engenharia ou o Ameida Santos para as pontes, e qualquer turista que nos visitava, a nós, pequeninos, pobrezinhos mas honrados, "oh! um português, e mexe! Muito típico, quanto custa?" e levavam-nos para os confins desses continentes, devidamente etiquetados, tarimbados e depois explicados conforme o aprumo da observação efectuada ou o interesse cultural que motivávamos.
Nada disso terá verdadeiramente importância se o Al Gore tiver razão, pois o mundo acaba num ápice e além disso com a proibição de fumar nos sítios onde nos dá mais prazer, quem é que quer viver, a fazer o quê, digam-me lá, a nicotina tem alguma coisa de mal se a compararmos ao flagelo do Sol nas nossas praias, o que vendo bem também vai brevemente deixar de ser um problema porque também estamos a ficar sem praias, o que é bom porque reduzem o número de cancros de pele, e se o mar avançar como deve ser talvez engula o Magalhães Pessoa e a Ribeira dos Milagres, embora seja chato porque também ia pró galheiro o bocadito da Auto-estrada que os 150 gajos do costume vieram inaugurar com pompa, Isabel Damasceno e circunstância, viva o governo, a Câmara e o Espírito Santo, que não é aquele da desculpa que a D. Maria deu ao tanso do Sr. José quando apareceu grávida e ramelosa lá na carpintaria, mas o Banco, que de santo não tem nada, mas perante quem, por via das dúvidas ( dívidas), há muito quem se ajoelhe .
Questões que se me põem quando me sento na sanita, e me esforço para saber qual o sentido disto tudo, a vida como uma tômbola, girando ao contrário dos nossos interesses numa jogada onde o que apostámos é sempre muito mais do que o que eventualmente possamos ganhar, se é que alguma hipótese disso tenhamos: a vida.

Redfish