domingo, agosto 10, 2008

De Paris, com amor e fim de vacanças


Ir a Paris e nao ver a Bruni, é quase um pecado tão grande como ir a Roma e não ver o Silva dos Plásticos.
Depois deste pequeno intróito, resta-me dizer que não vi Bruni nenhuma. Dizem-me que lançou um novo CD
que já é um êxito, mas que não pode cantá-lo em público. Sempre pode cantar ao maridinho, para ajudar o pequeno Sarkozy a adormecer.
Outra coisa que não se vê muito em Paris são franceses, ou então, se os há, andam disfarçadíssimos de outra coisa qualquer. Depois de uma noitada com um amigo portuga lá residente, e já com os neurónios cheios de
Bordeaux, pareceu-me ouvir um Camambert a chamar pela mãe, mas não posso assegurar. Assim entre a população flutuante da cidade, uns 500 milhões de japoneses sorridentes e a ocuparem todos os espaços fotografáveis da Ille de France e arredores, mais os residentes, para aí uns 150 milhões de chineses, argelinos, africanos em geral, árabes, portugas e por aí adiante, só de quando em quando descortinamos um francês genuíno e que, por sinal e para bem deste vosso amigo, são na generalidade simpatiquíssimos, afáveis, prestáveis e correctos. Como é possível esta gente ter votado no Sarkozy? "Espanto meu", que sempre achei que que só um mau carácter pode estar de acordo com políticas racistas, xenófobas e do ponto de vista social extraordináriamente retógradas. Mais ainda quando aos fins de tarde me sento numa cervejaria em Cauchan, arredor muito airoso da grande cidade, e mando abaixo umas Stella Artois com uns compinchas argelinos, turcos, portugas e franceses, que diàriamente, após o trabalho, "tertuleiam" e partilham risos e problemas, como cá se fazia nas nossas já saudosas tabernas.
E venho com os olhos cheios dos Picassos ( o Museu Picasso é um espanto, ali escondido numa ruazinha em Marais), sem as filas loucas que quase nos fazem desistir do Museu d'Orsay e assim dos Manet, Renoir, Dantes, Tolouse Lautrec e companhia, ou do novíssimo Museu de Branly, com exposições permanentes de arte e cultura africana, asiática e americana, um espaço visualmente belíssimo e muito bem concebido. Já não há paciência para as filas na torre Eiffel, nem para os preços que são pedidos para uma subidinha lá acima, mas o tempo de espera mais o custo da expedição são uns óptimos dissuasores: para a próxima, com mais vagar a gente sobe. O resto está nos postais e nas fotos que eu a par com os japoneses também tirei às centenas ( a máquina digital revelou milhares de potenciais génios da fotografia), nos quilómetros que percorri a pé, ou na teia tão emaranhada mas tão fácil de utilizar que é a rede do Metro de Paris. Onde o preço do litro de leite é identico a Portugal, o pão pouco difere, mas onde o ordenado mínimo é quase o dobro.
Onde não consegui deixar de estranhar, pese embora a minha ( pensava eu) tolerância e abertura, a quantidade de mulheres de burka em contraste flagrante com o cosmopolitismo de uma cidade esfervescente de ritmo e sensualidade. E os ciganos, lá como cá, os excluídos, marginais entre os marginais, mendigando e
arrastando consigo o estigma da sua diferença.
As vacanças estão a acabar. À bientot.

Poisson Rouge

5 comentários:

Anónimo disse...

È bom saber que a s férias te fizeram bem ao corpo, mas mal á coca!
Mais um pouco e temos-te como o "Soares" a mandar umas "bouches", simpáticas , mas pouco de "gauche"!
Só os cabotinos é que vão a Paris em Agosto...mas, "malgré tout" sempre é melhor ir em Agosto que não ir!
subscrevo-me :(como é que se diz, vermelho de inveja em Français?)
Moi

Anónimo disse...

Pouco de gauche?
Porquê? Questionar-nos é pouco de gauche? Tentar perceber as contradições nas relações entre as pessoas é pouco de gauche?
Conto: em casa de amigos, gente boa, muito boa mesmo, africanos, negríssimos, uma boa mesa onde conversava com outros convivas, amigos deles, gente com formação superior, em que o tema ciganos abre a caixa de pandora donde saem as maiores alarvidades racistas que podes imaginar. Isto perturba-me, incomoda-me ao ponto de acabar com a conversa e abalar. Que e que está a acontecer? Será esta gente, um amontoado de pequeninos hitleres de boas maneiras?
Já agora, de gauche é o PCP louvar o governo chinês, pelo esforço feito com as Olimpíadas, e tudo correr com normalidade?

REDfish - como vês acentuei o red para (não) teres dúvidas

Anónimo disse...

Graças aos jogos olímpicos, os habitantes de Pequim puderam ver o Sol, que esteve tapado durante anos com a poluição :))

Anónimo disse...

Ora vamos por partes....os franceses simpáticos? tens a certeza que não tinhas bebido um chateau laffite antes? (um ou dois..)porque se há gentinha petulante, antipática e cheia de impáfia são mesmo os franceses...um complexo de superioridade do tamanho do mundo e diversos traços mediterrânicos entre os quais o de não saber escolher os seus dirigentes...mas afinal o roi soleil do alto dos seus sapatinhos de salto é de origem húngara e a sua Marie Antoinette é italiana e com uma fama que faria corar de vergonha a própria Messalina...sinal da multiculturalidade...cada país tem o que merece....a gente não merece menos não senhor...temos por cá um à altura

Anónimo disse...

Admito que bebi uns rouges de Tourenne que eram divinais, mas a minha opinião sobre os franceses (parisienses?) é para manter.
Sobre os vinhos, também.
Sobre a Bruni, idem, a moça tem futuro!! (Tá bem, e passado também)
Sobre o "canito", já se diz há muito, homem pequenino...ou bailarino.

Poisson Rouge