Ontem éramos mais que muitos, e muitos mais seríamos se...
presos a gilhetas que eles próprios criam, muitos cidadãos olham com desconfiança qualquer manifestação que convoque para a mudança, seja ela qual for. É verdade que muitos são os apelos a que isso aconteça. Activistas de sofá, fazendo do zapping o desporto favorito e do lugar comum a Bíblia, os tugas têm dificuldade em discernir a informação da manipulação. Afinal, são doutores encartados, comentadores com tarimba e experiência acumulada de anos a fio a rotular tudo o que se passe num raio de 2 milhões de km, no passado, presente ou futuro e que com a ciência dos euruditos peritos em tudo e sabedores de nada vão torneando a realidade ao sabor de interesses vários, sem se importar que a história não tenha fio e que no final a bota não bata com a perdigota. Mas qual é o mal se o que hoje é verdade amanhã é mentira e o nosso "opinion maker" é um criador de cenários com qualidades testadas por várias administrações de vários canais televisivos e outros meios de comunicação menos mediáticos mas igualmente manipuláveis.
Raramente há entre estas doutas criaturas unanimidade, o que convém para que não se esgotem numa só verdade todas a vozes, mas sem pôr em causa a Razão que os mandata, ou simplificando, o patrão que lhes paga, eles lá arranjam umas divergenciazitas que depois sustentam em querelitas sem consequência mas que supostamente os individualizam sem nunca pôr em causa a matriz ideológica que os orienta.
Neste caso, porém, do Protesto da Geração à Rasca, se um disse mata, outro esfolava, se para um era mau para o outro era pior, para um era a demagogia saindo à rua, para o outro era isso mais a irresponsabilidade juvenil, se um via nisto manobras dos comunistas, outro alardeava congeminaçõs bloquistas com perigosos parceiros internacionais e assim por diante, num crescendo de atoardas com o fito de desvalorizar o evento.
Hoje há um silêncio bendito. Atordoados pela realidade que da rua lhes entrou pela vida a dentro, perderam momentaneamente o pio! Estarão talvez esperando a voz do dono para congeminar novas estratégias, novas versões de histórias velhas para minar o que poderá daqui nascer se esta maré de gente perceber que ontem nada acabou, que o que aconteceu ontem poderá ser o princípio de muitas coisas, mas que só serão possíveis com empenho, e sobretudo mantendo lúcidas as mentes, livres de correntes e sectarismos. Se o caminho que escolhermos for o da participação cívica exigente e responsável, respeitando a democracia representativa num quadro de reciprocidade e defendendo o património comum contra os ataques dos especuladores, os serviços públicos essenciais contra a fúria privatizadora do capitalismo voraz, os direitos de todos os cidadãos e cidadãs sem distinção, camaradas e amigos(as), eles vão ter muito que fazer.
1 comentário:
Bem escolhida a canção! O Sérgio Godinho foi sempre o MAIOR!!!
Mas duvido que esta "organização popular" consiga alguma coisa ...
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