sábado, setembro 13, 2008

Leiria em Cuecas conta o "Pequeno desabafo à portuguesa, ou a história do Camelo Lusitano"



Eu não acredito em bruxas, mas que as há, há!
Por isso é normal que manifestações do inexplicável sejam aceites cada vez mais facilmente. Longe vão os tempos em que era mais difícil passar um rico no buraco de uma agulha do que um camelo entrar no reino dos céus...
( avisam-me agora que troquei o rico e o camelo de lugar na história, por isso as minhas desculpas, mas isso não lhe altera a moral). O que eu quero dizer é que o céu está ao alcance de qualquer um, agora, desde que pague. A especulação imobiliária já chegou lá acima pelo que terão que desembolsar uma nota preta para garantirem um poiso no Paraíso, o que se torna muito mais fácil para quem já está acostumado aos paraísos (fiscais) cá da Terra e cá da terra, onde é muito mais difícil entrar para o curso de Medecina do que entrar no tal buraco da agulha. Diz uma amiga minha que é professora e que acha a ministra da educação uma bruxa, que se não fosse assim haveria mais médicos que doentes e que os senhores doutores iriam perder importância na escala social e ganhar menos uns cobres do que ganham, o que poderá ser uma verdade, mas também é verdade que já há falta deles, vai haver ainda mais muito em breve, e não estou a ver que se consiga preencher as faltas com os excedentes de outros cursos, como Direito, por exemplo, que dá ideia de uma vaca parideira de advogados sem causa, sem emprego, sem tostão, sem lugar numa justiça que é cada vez mais injusta, mais sectária e parcial, que se dobra perantes uns (os tais dos paraísos) e se agiganta perante outros, os que não conseguem passar pelo buraco da agulha, e que, para os que duvidam da sua justa força, contrata uns rapazes musculados e com uma pontaria do caraças ( conseguem meter uma bala por um buraco duma agulha, são assim como uma mistura de Rambo com os forcados do Grupo dos Amadores de Póvoa de Corno Aberto, terra imaginária mas com grandes hipóteses de ter muitos habitantes) e que nas horas de lazer andam à procura de carros em transgressão em zona de parquímetros de propridade privada, que têm a nobre missão de contratualizar o estacionamento público, tornando-o menos público mas mais rentável para os tais proprietários dos parquímetros que pagam aos tais rapazes que de farda fora de serviço se atiram valentemente contra os veículos em transgressão. Dirá o leitor, são funcionários públicos, ganham pouco, é uma forma de compensar o pouco que lhes entra em casa dado pelo Estado, eu comovido deixo rolar uma lágrima pela bochecha esquerda, e, atrofiado, imagino o esforço enorme do funcionário público Vitalino Canas, esse defensor do trabalho, seja ele temporário, breve ou mesmo imaginário, vejo Constâncio a contar os magros tostões no Banco de Portugal, e não posso deixar de concordar com Cavaco Silva e vetar também tudo o que seja Autónomo e venha dos Açores, que como se sabe tem vacas a mais, o que põe em risco as vacas que nós cá temos, que por serem vacas se querem divorciar a torto e a direito, (veta-se mais esta e passa-se à frente do camelo para se entrar para o céu ) e parafraseando Fócrates: "Este governo é uma soda mas vocês não têm idade nem curriculum para mo atirarem à cara", vou pegar num saco e vou caçar gambuzinos, que por cá, conta quem sabe, já começou a caça às bruxas, que eu juro que nunca vi, mas que as há, há!

Redfish

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