domingo, fevereiro 10, 2008

É A TUA VIDA, ESTÚPIDO







BERTOLT BRECHT






Não sei como dizer as coisas de outro modo. Espero que se sintam ofendidos. A mim, a arrogância com que demonstram a sua cretinice, ofende-me. Essa imensa maioria de cretinos que se refugia no insulto baixo, na covardia do não querer saber, na comodidade do "são todos iguais", é o sustentáculo de todos os opressores, a massa de apoio acrítica que agrada a todos os ditadores. Estão em todas as camadas sociais e em todos os estratos profissionais. Chamam-te intelectual como se isso fosse um insulto, quando a sua ignorância não lhes permite ver mais do que o que têm à frente do nariz. Não são um fenómeno recente, e permitiram que Hitler fosse eleito, por ele mataram, torturaram e humilharam todos os que eram diferentes. Permitem os Bush, os Paulos Portas, os Sócrates, os Barrosos, os Santana Lopes, e depois dentro dos seus galinheiros mentais dizem que a política é uma porcaria, e que "eles", são todos iguais. Quando lhes dás uma petição para assinar, seja em defesa de um Serviço de Saúde universal e gratuito, seja pela Gestão Democrática da Escola, pelo Direito ao Emprego ou por qualquer outro direito básico, riem-se de ti e dizem que não se metem em políticas!!
Dedicado a essa cambada de cretinos, com a devida vénia ao seu autor, Bertolt Brecht, o

ANALFABETO POLÍTICO

O pior analfabeto é o analfabeto político.
ele não ouve, não fala, nem participa nos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo do pão, do peixe, da farinha, da renda, dos sapatos e dos remédios dependem de decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e enche o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, desonesto, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais


Bertolt Brecht

5 comentários:

Unknown disse...

aí está o retrato do imbecil. imbecis que desgovernam mundos e fundos.

mas hão de chegar dias mais claros. cá estamos para os criar.

Unknown disse...

APOIADO!

Anónimo disse...

Que lucidez tão actual!

Anónimo disse...

"O escorpião e a tartaruga"
leonel.moura@mail.telepac.pt

Tinha pensado, esta semana, escrever sobre Manuel Alegre e a sua campanha contra o governo de Sócrates e do Partido Socialista. Pois na verdade, para quem não conhece a personagem e o estilo, terá alguma dificuldade em perceber porque é que um homem, ...
Pois na verdade, para quem não conhece a personagem e o estilo, terá alguma dificuldade em perceber porque é que um homem, militante profissional e funcionário do PS desde o 25 de Abril, se afadiga tanto com o objectivo de prejudicar o seu próprio partido e, no fundo, inviabilizar qualquer hipótese deste obter uma maioria nas próximas eleições e, ainda mais no fundo, entregar de novo o poder à direita. Pois é disto mesmo que se trata.

Pensei portanto que poderia ter algum interesse tentar explicar que existe uma gente à esquerda que é assim mesmo. É da sua natureza criar sarilhos.

Vale a pena recordar uma pequena história muito sugestiva. Uma tartaruga preparava-se para atravessar um rio quando um escorpião apareceu e lhe pediu: podias deixar-me ir nas tuas costas até à outra margem. A tartaruga desconfiada ripostou: mas tu tens fama de malvado e podes matar-me. Indignado o escorpião respondeu: eu nunca faria isso porque senão morria também. Perante tal argumento de lógica tão cristalina, a tartaruga acedeu. A meio do rio o escorpião picou mortalmente a tartaruga e quando os dois já se afundavam esta quis saber o porquê de tal atitude suicida. Porque é da minha natureza, respondeu o escorpião.

A esquerda está cheia de escorpiões. Gente que não resiste a prejudicar a sua própria área política, mesmo se isso significa afundar-se com ela. Quase sempre em nome daquele argumento que a história tão bem conhece, motor de tanta barbaridade, alguns milhões de mortos e em geral obstáculo a qualquer unidade política nas democracias, e que trata da magna questão de saber quem é a verdadeira esquerda. Manuel Alegre diz que é ele. O que desde logo se apresenta como muito duvidoso visto que se bate quase sempre pelo imobilismo e se opõe a qualquer evolução positiva na sociedade portuguesa. Basta pensar que anda por aí todo ufano porque conseguiu deitar abaixo um ministro, Correia de Campos, de quem cinicamente se diz amigo. Acontece que este era precisamente um dos melhores ministros do governo, ou pelo menos um que sabia muito bem o que andava a fazer.

Falta-lhe talento para falar na televisão é verdade, mas resta saber se queremos políticos com capacidade de melhorar as coisas, ou papagaios sem nenhuma ideia na cabeça. Alegre que pelo contrário fala muito bem, ainda que num estilo e palavreado bastante antiquado, pelo menos de dois séculos, no acto não só prejudicou o governo, como, bem mais importante, prejudicou gravemente as populações. Que agora podem ter um hospital mais perto, mas só para morrer mais depressa por falta de assistência em unidades que não têm nem podem ter capacidade técnica. O populismo é quase sempre um grande logro e um enorme perigo para a saúde pública.

E esta dita "verdadeira esquerda" anda cada vez mais populista, cheia de identidades e tradições, passados gloriosos, promessas e ameaças, e também um crescente ódio a todos os que têm opinião própria e, claro está, ao novo, ao inovador, ao tecnológico, pois as máquinas são por sua natureza mecânica profundamente capitalistas. E da liberdade só gostam da palavra, que repetem vezes sem conta, pelo menos tantas vezes como as que pretendem tudo e todos controlar em nome do bem estar público e da protecção do pobre povo. Também não gostam da Europa, ainda que por conveniência digam em certas circunstâncias o contrário. E já agora detestam também o mundo, porque só se sentem realmente bem nesta sua coutada privativa onde, a falta de assunto sério, lhes garante bastante atenção.

Enfim, o fenómeno Alegre e de outros populistas que com ele concorrem não passam da versão local de gente que ficou para trás, que deixou de compreender o mundo e que em nome de velhos valores caducos, todos falsos aliás, e ocos idealismos conduzem a um crescente fraccionamento no campo da esquerda. O que por essa Europa fora tem entregue o poder à direita mais esdrúxula. Veja-se a Itália por exemplo.

Leiria em Cuecas disse...

Embora eu ponha fortes reticências ao sr. Manuel Alegre como possível aglutinador das esquerdas, porque não há só uma, isso é o que diz o PCP e assume, porque dá jeito, a Direita, embora eu critique as incongruências de Manuel Alegre no que respeita à sua prática parlamentar e discurso político, estou em profundo desacordo com o que o Liseo escreve.
Então essa do recurso à tecnologia ser avesso à esquerda dá vontade de rir. Basta ver na Net, por exemplo, cá em Portugal, e comparar o uso que dela fazem as diversas correntes políticas, como se apresentam nos seus espaços. Se tiverem algumas dúvidas, vão ao esquerda.net, e comparem esse portal com todos os espaços disponíveis sobre política em Portugal.
Quanto aos valores caducos, cada um sabe do que fala. Se o Líseo acha que o Socialismo é um valor caduco, é consigo, tem todo o direito de o fazer. O Bush pensa o mesmo, o Bin Laden, idem, e o Papa Ratzinger, aspas,aspas. O Paulo Portas, também, e o Presidente Eduardo dos Santos acha que essa coisa lhe estraga os negócios. Ao Belmiro de Azevedo causa alergia e ao Sócrates atrapalha. Portanto está muito bem acompanhado. Bom proveito. Depois não se queixe!!