A vida não corre bem a muita gente, é um dado adquirido e essa verdade atingiu com um impacto inusitado a mona de muito pacífico e desprevenido cidadão que do trabalho para o sofá e do sofá para a cama, deixava correr os dias com prazenteira certeza de que há sempre alguém que resolve as coisas e que tudo acaba bem e todos seríamos felizes para sempre.
A cartuchada acertou bem entre os olhos, e se em muita cabecinha apenas fez ruído de ôco, noutras abriu um precedente que pode ser muito preocupante: pôs essas tolinhas a pensar, os cerebrozinhos que há muito não se usava usar - a não ser para as tarefas rotineiras, com a massa cinzenta em ponto morto - entraram em funcionamento acelerado, queimando em alguns os poucos neurónios que tinham, e ei-los, vermelhos... não, é melhor dizer "encarnados" de cólera a dizerem mal da vida, "a culpa é dos partidos, do 25 de Abril, dos sindicatos e blablabla, com o Salazar não havia nada disto, andava tudo na linha..."
Noutros casos, porém, a coisa piou fino, e eis que, ressurgidos ninguém sabe de onde, mas que lá estavam, estavam, latentes nos recônditos abismos do inconsciente e à espera de ocasião para se manifestarem, os temíveis ímpetos reivindicativos, a vontade igualitária, o desejo de justiça, a solidariedade, a vontade de resistir!
E por isso têm vindo para a rua, dizer que em Portugal há quem queira lutar por aquilo que nos ensinaram ser o mínimo das condições de dignidade de um povo que aspira a ser capaz de viver em Democracia: Saúde para todos, Educação para todos e trabalho, digno e justamente remunerado. Isto é o básico, há muito mais a exigir, mas até isto nos têm negado.
Para os que acordaram, foi um choque, sentiram que foram traídos, mas ainda vão a tempo. Cada vez serão mais. E é urgente que mais se juntem, porque todos somos poucos, e o inimigo é poderoso e traiçoeiro. Sócrates e o seu governo são apenas a ponta de um imenso iceberg. Mas há que os desmascarar, a eles e às suas políticas
retrógradas e comprometidas com o que mais há de prepotente e reaccionário.
Redfish
1 comentário:
Que o direito a indignação seja voz....
que a apatia se apague....
que deixemos de confiar nos outros para passarmos a ser actores do nosso próprio destino.
que fassamos ouvir o nosso grito e fazer valer a nossa opinião crítica em todas as matérias que dizem respeito ao país e a nós próprios.
O futuro não espera...
e não podemos lavar as mãos como Pilatos
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